Prefeito de Madri propõe lei que obriga mendigos a sair das ruas

No dia em que o jornal espanhol ABC publicou uma reportagem em que retrata as péssimas condições de vida de centenas de mendigos em Madri, o prefeito da capital espanhola, Alberto Ruiz-Gallardón, afirmou que irá propor uma legislação que autoriza a Prefeitura a retirá-los à força das ruas, para que sejam levados a abrigos públicos.

Conforme detalha a reportagem do ABC, a população de rua de Madri é formada por imigrantes, principalmente os originários do Norte da África, mas também por famílias de espanhois afetadas pela crise econômica no país. Segundo cifras oficiais de fevereiro, o desemprego na Espanha supera 20% da população economicamente ativa, chegando a 43,5% entre os jovens com menos de 25 anos – a maior taxa da União Europeia.

O jornal ilustrou a realidade atual com a história de um casal de madrilenhos que vive sob uma ponte do luxuoso bairro de Arganzuela. Com data para abandonar o local, após um aviso da Prefeitura, os dois não têm para onde ir. “Eles têm vergonha que uma família espanhola viva ao lado de um lugar em que foi gasto muito dinheiro”, disse a mulher entrevistada, em referência a um projeto arquitetônico em curso na localidade.

O prefeito de Madri, do PP (Partido Popular) — opositor ao atual governo –, reconheceu que as administrações locais deverão disponibilizar os serviços sociais necessários para retirar as pessoas das ruas e alojá-las em abrigos.

“Precisamos aprovar uma lei, sempre que houver recursos, para que não dependa da vontade deles [os mendigos] para sair das ruas, mas que seja obrigatório”, afirmou Gallardón, segundo o El Mundo da Espanha. Ele ressaltou que o objetivo não se restringe a retirá-los das ruas, mas também “atendê-los da forma devida”.

Reação
O candidato à Prefeitura de Madri pelo partido Esquerda Unida (IU, na sigla em espanhol), Ángel Pérez, rechaçou a proposta de Gallardón. “Os sem-teto não nascem sem-teto, mas se tornam sem-teto. Hoje, muitos deles são vítimas da crise, do desemprego e de despejos. E os despejos acontecem com aqueles que agora dormem nas ruas, não com os que, com ou sem crise, ganham milhões todos os dias”, disse.

Pérez considera que, além de abrigos para acolher os moradores de rua, são necessárias “políticas para reinserir essas pessoas” à sociedade, e não medidas “meramente estéticas”. “Os problemas sociais não desaparecem assim”, concluiu.

Do Opera Mundi