Prefeito de Santo André chama negros de marrons em Conferência
Aidan Ravin (PTB) choca participantes de cevento contra o racismo
Militantes que lutam pela igualdade racial acusam o prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), de racismo. O discurso do petebista durante a abertura da 2ª Conferência Regional de Promoção da Igualdade Racial do ABC, realizada na sexta-feira (22/05), foi considerado preconceituoso e causou indignação às entidades presentes. Aidan chegou a se referir aos negros como “racinha”.
A ex-vereadora de Ribeirão Pires Elza da Silva Carlos, a Elzinha, que também fez parte da mesa de abertura, representando a sociedade civil das cidades do ABCD, contou ao ABCD MAIOR que durante a fala de abertura da Conferência, Aidan disse que em sua casa trabalha uma “moça marrom”, e que sempre optou por dar emprego para pessoas dessa cor.
“Ele começou a fala, que foi deixada pelo cerimonial por último, dizendo que como prefeito ainda era inexperiente, mas que como ginecologista era bom, e onde ele coloca a mão as mulheres gostam. Mais um típica piada de mal gosto dele”, contou Elzinha, afirmando que as declarações não paravam por aí. “Dessa piada, ele começou a dizer que em casa ele tem uma empregada ‘marrom’, por quem ele tem muito carinho”, completou a ex-vereadora, que classificou o prefeito como um ‘racista despreparado’.
Sem preparo – “Tem racista em todo lugar, mas o doutor Aidan se mostrou um preconceituoso completamente sem preparo. Acho que se o prefeito tem esse problema racial intrínseco nele que ao menos tivesse uma assessoria que desse condições a ele para falar numa mesa tão importante. Ele nos subestimou. Tenho pena por quem luta pela igualdade racial em Santo André”, completou.
Aidan comentou sobre a mistura de etnias da formação de sua família, e perguntou para Elzinha durante a abertura ‘que racinha era essa que mistura descendentes de portugueses com afrodescendentes’.
Casar com branco – De acordo com a representante da Vila Comunitária, Maria Regina Souza, a vice-prefeita, Dinah Zecker (PTB), que também compunha a mesa de abertura, disse que vem de uma cidade onde mais de 90% da população é negra. “Logo na sequência, o prefeito disse que a família da Dinah era a única branca da cidade, e que ela saiu de lá para casar com um branco”, contou Maria Regina.
Durante o discurso, o prefeito perguntou aos participantes por que estavam tão agitados. Os militantes se mostravam desconfortáveis com os termos usados pelo chefe do Executivo.
Ex-ministra – Para a ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da República, Matilde Ribeiro, doutoranda em Serviço Social pela PUC-SP, que palestrou no sábado na Conferência, o que expõe se alguém é ou não racista é a maneira como a pessoa se porta. “Hoje em dia é muito difícil alguém se declarar racista, o racismo fica embutido nas ações, na maneira de tratar”, disse. Matilde também ouviu no sábado reclamações dos movimentos sobre as declarações de Aidan.
Lideranças do movimento religioso afro brasileiro foram até a saída e questionaram o prefeito sobre ele optar empregar em casa pessoas ‘marrons’. “Ele me disse que o mundo é assim, existem patrões e empregados e que nós estávamos sendo preconceituosos, e deveríamos agradecer por ele dar emprego para negros”, contou a integrante do movimento religioso, Maria Campi.
“Aidanzinho” – Em defesa do prefeito Aidan, o vereador Israel Zekcer (PTB) afirmou durante a sessão desta terça-feira (26/05) que as afirmações dos entrevistados pela reportagem são mentirosas. “Eu estive no encontro e posso afirmar que o Aidan não chamou ninguém de marrom. Quem disse isso foi o ‘Aidanzinho’, o filho do prefeito”.
Do ABCD Maior