Preocupado com os impactos da taxa de juros, Sindicato solicita audiência com o Banco Central
Preocupado com os impactos da taxa de juros, Sindicato solicita audiência com o Banco Central
Com impactos diretos na vida dos brasileiros e brasileiras, a alta taxa de juros praticada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) tem inviabilizado o desenvolvimento do país e condenado a população à miséria. Indicados pelo governo anterior ao BC, que tem autonomia, mantiveram a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano.
Preocupado com a situação, o Sindicato encaminhou ontem um pedido de audiência com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para tratar do setor industrial, dos rumos da atividade econômica e, consequentemente, dos empregos, devido às políticas adotadas pelo banco.
O diretor administrativo dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Messias Damasceno, alertou que o assunto pode parecer distante, mas interfere na vida de todos e todas.
“A alta taxa de juros afeta o dia a dia dos trabalhadores, desde os preços que pagamos no mercado, passando pela possibilidade de financiamento de um carro ou de uma casa até colocar os empregos em risco por conta da parada da produção e da economia”, ressaltou.
O dirigente reforçou que o Sindicato tem denunciado a taxa de juros abusiva, inclusive fazendo mobilizações dos trabalhadores nas empresas da base.
“Essa taxa de juros absurda impede que as empresas invistam e que a população consuma, principalmente por conta das dificuldades de financiamento. Por isso, o Sindicato tem alertado que essa taxa condena o país à miséria”.
Propostas para o país
O Sindicato tem apresentado propostas para a retomada da atividade industrial, especialmente na região. No último dia 3, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu o “Estudo Setorial Automotivo: caminhões, ônibus e automóveis”, com diretrizes e propostas dos Metalúrgicos do ABC para o setor.
“Porém, essas propostas só poderão ser viabilizadas se houver uma política de juros que permita aos consumidores terem acesso aos produtos e que as empresas possam fazer investimentos”, defendeu Wellington.
Não se justifica
O diretor lembrou que, além do próprio presidente Lula, os especialistas também não concordam com a manutenção da taxa de juros em patamares elevados. “A única ‘serventia’ que essa taxa tem é a de inviabilizar o país e penalizar a população. A inflação atinge fortemente os mais pobres, mas a taxa de juros alta condena o país e sua população à miséria”, concluiu.
O que é a taxa Selic?
A Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC (Banco Central) para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, como empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
Como a Selic é definida?
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, que tem autonomia desde fevereiro de 2021, determina a taxa a cada 45 dias em encontros a portas fechadas do presidente do BC e os oito diretores. A decisão deve levar em conta a inflação, taxa de câmbio, importações e exportações, a atividade e a perspectiva de crescimento econômico do país.
A quem interessa os juros altos?
Interessa aos bancos e à elite econômica, que compra títulos do governo e vive de renda. Enquanto 78,9% das famílias brasileiras estão endividadas, os quatro principais bancos (Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil) lucraram R$ 96,2 bilhões em 2022, aumento de 6,3%.