Presidência é a instituição política mais confiável
A pesquisa, que contou com 2002 pessoas entrevistadas, com 16 anos ou mais e em número proporcional ao de eleitores de cada região do país, mostra que a confiança na instituição "presidente"
Realizada pela primeira vez neste ano pelo Ibope Inteligência, a pesquisa “Índice de Confiança Social”, monitoramento da confiança dos brasileiros em instituições e grupos sociais, atesta a disparidade entre os índices de confiabilidade da população na Presidência da República e no Congresso.
A pesquisa, que contou com 2002 pessoas entrevistadas, com 16 anos ou mais e em número proporcional ao de eleitores de cada região do país, mostra que a confiança na instituição “presidente”, que na média geral atingiu 66 pontos, alcança maior confiabilidade entre pessoas com mais de 50 anos, em especial no Nordeste, onde fica entre as quatro instituições mais confiáveis.
Para Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope Inteligência, ainda que a pesquisa não seja feita com foco na pessoa do presidente da República, o momento político do país interfere na pesquisa: “É natural que as pessoas personalizem a questão, ainda que não façamos esse tipo de menção. A pesquisa foi realizada no auge da crise do Senado e, não à toa, o Congresso Nacional teve um dos piores índices”.
Instituições democráticas, tais como prefeituras, governo federal e partidos políticos, além dos citados Congresso Nacional e Presidência, contam com maiores índices de confiabilidade nas classes mais baixas.
No caso do Poder Judiciário e da polícia, 16º e 17º colocados, respectivamente, na pesquisa geral, num universo de 22 tópicos, abaixo de instituições como bancos e empresas, Márcia crê que a demora inerente ao trâmite jurídico e a pouca compreensão geral de seu funcionamento estimulam tal falta de confiança: “A morosidade cria uma impressão de impunidade. O banco pode cobrar caro, mas, teoricamente, funciona. Seu dinheiro está lá, há transparência. Sentir-se informado dos acontecimentos tira aquela impressão de que somos vítimas do processo”.
A pesquisa mostra ainda que as ONGs – organizações não-governamentais – alcançam confiabilidade mais alta entre os mais jovens. Já os sindicatos ficaram na terceira pior colocação geral. “Neste caso, a questão das greves é fator decisivo. Por causarem muitos problemas à população geral, este instrumento de mobilização tem sua validade contestada. Enquanto conceito, os sindicatos podem até serem bem vistos, mas enquanto forma de ação, por meio das greves, não”.
Os melhores colocados, como era previsível, foram grupos sociais – família e amigos -, “Igrejas”, representando todo o escopo religioso e o corpo de bombeiros. A quarta colocada entre as instituições são as Forças Armadas. “Elas transmitem segurança apesar de nunca terem sido testadas em momentos de conflito. Quando acionadas, a população brasileira terá uma expectativa alta em relação ao seu papel. Já os bombeiros são colocados à prova diariamente, o que torna ainda mais significativo o resultado”, pondera Márcia.
Do Valor Econômico