Presidente da Abimaq diz que Brasil precisa industrializar suas commodities
Empresários da indústria acenderam o sinal de alerta durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, realizada na quarta-feira (6). A preocupação do setor é com a “reprimarização” da indústria brasileira, ou seja, o país está exportando mais produtos básicos ou de baixo valor agregado do que manufaturados, o que indica a diminuição da participação da indústria na economia.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Aubert Neto, afirmou que as commodities representam 71% das exportações brasileiras e que a indústria de transformação, de 2004 a 2011, acumula déficit superior a US$ 100 bilhões. “O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de grãos de café, mas o maior exportador de café industrializado é a Alemanha, que não planta um pé de café. O Brasil precisa industrializar suas commodities, agregar valor”, afirmou Neto.
Dados apresentados pelo diretor executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Augusto Fernandes, mostraram que a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) vem diminuindo vertiginosamente. Em 1984, 35,9% do PIB eram advindos da atividade industrial; em 2010, esse valor caiu para 15,8%. A queda se arrasta desde a década de 1980, apenas com exceção de alguns períodos curtos.
Entre os problemas que causam a desindustrialização, foram citados a política cambial, a alta carga tributária, juros e os custos da produção. A falta de investimentos também é um problema para a indústria. Enquanto a média ideal de aplicação de recursos nos últimos dez anos foi de 19% do PIB, o Brasil não consegue ultrapassar os 17%. Enquanto isso, a média de Rússia, Índia e China foi de 34%.
Neto apoiou a adoção de medidas de defesa comercial. “O Brasil é um país rico, mas vamos condená-lo à pobreza com esse modelo. Há séculos, todos os países fazem defesa comercial, porque nós não podemos fazer?”, questionou. Outras medidas como a obrigatoriedade da preferência de produtos nacionais nas compras governamentais, a desoneração tributária e a diminuição da taxa de juros para que estas se tornem competitivas com os valores internacionais também foram citadas.
A alta competitividade da China também colaborou para a desindustrialização do país. A sondagem especial da CNI, feita em fevereiro deste ano, mostra que 45% das empresas que competem com a China, no Brasil, perderam mercado e 67% das empresas brasileiras exportadoras que concorrem com a China no mercado externo perderam clientes.
Do Valor Econômico