Presidente da IndustriALL-Brasil discute impactos das mudanças climáticas e transição energética justa com embaixadores suecos
Encontro em Brasília tratou dos efeitos para os trabalhadores
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Em Brasília, no último dia 12, o presidente da Agência de Desenvolvimento e da IndustriALL-Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, participou de conversa sobre o impacto das mudanças climáticas e transição energética justa com a embaixadora da Suécia, Karin Wallensteen, e o embaixador do Clima, Mattias Frumerie. Com foco em negociações internacionais sobre alterações climáticas, a Suécia foi um dos primeiros países a nomear um embaixador especial para tratar do tema.
Aroaldo contou que a visita dos embaixadores foi justamente para conhecer as medidas que estão sendo tomadas aqui relacionadas às mudanças climáticas e também à transição energética e as consequentes discussões na COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima).
“Destacamos que o Brasil pode ter um protagonismo muito importante no mundo no que diz respeito à transição energética, visto que a maior parte da matriz energética brasileira já é limpa”, ressaltou o dirigente.
“Também comentamos nossa preocupação em relação à implementação da energia eólica e fotovoltaica, principalmente o impacto nos territórios. Temos debatido sobre onde os parques eólicos vêm sendo implementados. Por exemplo, quando se discute essa implementação no Nordeste, lugar em que está a maior concentração dos parques eólicos, isso gera expulsão das pessoas dos territórios, há uma diminuição da agricultura familiar, com impacto na criação de gado e na vida dessa população de forma geral. É preciso levantar esse debate”.
Empregos verdes
Aroaldo detalhou que durante a conversa foi tratada também a questão dos empregos verdes. “Falamos da importância de um estudo do Dieese que detalha os ‘empregos verdes’, já que os trabalhadores empregados na energia fóssil já têm um histórico de organização, com emprego mais perene, melhores salários e condições de trabalho. Enquanto nos ‘empregos verdes’ a média salarial é menor, a quantidade de trabalhadores é menor e sujeitos, muitas vezes, a condições piores”.
Mobilidade
Na pauta de mobilidade o dirigente destacou que o Brasil vem discutindo, a partir da NIB (Nova Indústria Brasil), do MOVER (Mobilidade Verde e Inovação), e da Lei de Combustível do Futuro, a possibilidade de adoção de diversas rotas tecnológicas na descarbonização da mobilidade. “O Brasil possui uma vantagem dos biocobustíveis, pois tem um programa de etanol há várias décadas, então já é protagonista nessa questão, podendo, durante muito tempo, conviver com todas as rotas tecnológicas”.
Trabalhadores na COP
Com relação à COP, o enfoque dado foi o fato de as centrais sindicais estarem discutindo muito sobre a intervenção dos trabalhadores na Conferência do Clima. “Toda a questão que envolve a transição energética tem impacto direto na vida dos trabalhadores. É preciso que ela seja feita de forma justa para continuar gerando emprego decente, com renda de qualidade, com condição de trabalho de qualidade. Por isso temos debatido a participação mais efetiva dos trabalhadores no processo de transição energética”.
Compromisso
De acordo com Aroaldo, os embaixadores suecos se comprometeram a aprofundar o debate, tanto o consulado como o governo sueco se disponibilizaram continuar essa conversa.