Pressão social derruba juros. Falta bancos cumprirem sua parte

A pressão social, especialmente a do movimento sindical, como em nosso ato de terça-feira, fez o Banco Central baixar a taxa básica de juros. Mas isso não basta. Os bancos precisam fazer sua parte e também reduzir as taxas e facilitar o crédito.

Luta agora é para baixar o spread

A pressão exercida pelo movimento social foi fundamental para o Banco Central (BC) promover um corte nos juros bem maior que o esperado. Na noite de quarta-feira, o BC anunciou a redução de um ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), que passou de 13,75% para 12,75% ao ano.
Desde o ano passado, o movimento sindical reivindicava a queda de pelo menos dois pontos percentuais. Na tarde de quarta-feira, enquanto ocorria a reunião do BC que decidiu pela diminuição da taxa, a CUT promovia manifestações diante das agências do Banco Central em vários Estados.
“Temos certeza que nosso movimento foi fundamental na definição do corte dos juros”, destacou Artur Henrique, presidente nacional da CUT. “Se avaliarmos o conservadorismo do BC e as pressões do mercado financeiro, que apostava em uma queda menor, o corte foi bom; mas ainda é insuficiente”, completou.

Contra o spread
O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, concordou com Artur e defendeu novos objetivos para o movimento de pressão sobre os bancos. “A próxima etapa será a luta pela queda do spread bancário”, afirmou.
Spread bancário é a diferença entre a taxa de captação e de aplicação do dinheiro e que fica em poder das instituições financeiras. Em outras palavras, é o lucro que os bancos têm quando emprestam. Quanto maior o spread, maior o lucro dos bancos.
No Brasil o spread é elevadíssimo e chega a 30%. Por exemplo, se o banco empresta mil reais, lucra trezentos. A taxa média do spread bancário no resto do mundo é de 6% a 7%.

Presidente também pressionou
Nos últimos dias, o presidente Lula também atuou fortemente para a queda dos juros e chegou chamar o presidente do BC, Henrique Meirelles, para uma conversa, quando avisou que um corte menor do que 0,75 ponto seria “inaceitável”.
A queda de um ponto vai permitir que o governo federal aplique imediatamente R$ 15 bilhões em investimentos produtivos para gerar empregos.
Esse dinheiro será economizado no pagamento dos títulos da dívida pública, que são atrelados aos juros.