Privataria: Governador tenta vender hoje empresa elétrica

O governo estadual tenta vender hoje a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), a maior transmissora de energia do País.

Para tanto, deverá superar as ações judiciais questionando a legalidade da privatização que, entre outros argumentos, alegam falta de transparência no processo e dúvidas quanto à definição do preço de venda, além da publicação de edital viciado.

Também contrários à privatização, os funcionários da empresa entraram em greve por tempo indeterminado e prometem para hoje várias manifestações de protesto.

Eles também entraram com ação judicial alegando que a privatização vai provocar demissões e terceirizações, provocando queda na qualidade do serviço prestado.

“O governo estadual tenta tratar energia, que é um serviço público essencial, em mercadoria, e quer abrir mão de uma empresa saudável, financeira e altamente rentável”, protesta o engenheiro Murilo Celso Pinheiro, presidente da Federação Nacional dos Engenheiros e do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo.

Ele lembra que o governo estadual fatiou a CESP em 1999 e já vendeu a empresa distribuidora de energia e três empresas geradoras.

Doação – Agora, quer vender a CTEEP por cerca de R$ 1 bilhão. A companhia opera em todo o Estado com 102 subestações e mais de 11 mil quilômetros de linhas de transmissão.

“O preço estabelecido é um acinte”, afirmou Murilo Pinheiro. Ele comentou que os ativos em operação estão avaliados em R$ 13 bilhões, a receita líquida em 2005 ficou em R$ 1,2 bilhão e o lucro líquido em R$ 468 milhões. Além isso, tem R$ 685 milhões em caixa.

O engenheiro explicou que a produção, transmissão e venda de energia não pode admitir concorrência e precisa ser operada pelo Estado, que pode trabalhar pelo interesse público e não de acordo com os interesses dos acionistas.

“Por que um empresário investiria milhões na expansão do sistema, se ele pode lucrar com tarifas altas se houver escassez de energia?”, questiona Murilo Pinheiro.