Produção aumenta, mas está longe da recuperação
Foto: Adonis Guerra
Puxada pela alta nas exportações brasileiras, a produção total de veículos registrou crescimento de 25,2% em 2017 em relação ao mesmo período do ano anterior, com 2,7 milhões de unidades.
Embora o resultado mostre aumento da produção, essa melhora foi impulsionada principalmente pelas exportações, que somaram 762 mil veículos, o que representa crescimento de 46,5% em relação a 2016.
Os dados são do levantamento “Indicadores da Indústria Automobilística” elaborado pela Subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese, no Sindicato. (Leia a análise na coluna do Dieese na página 2).
“Temos que deixar claro que a situação melhorou referente a um ano que foi muito ruim, em um cenário que se piorasse, significaria o fechamento de fábricas”, afirmou o diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, responsável por políticas industriais, Wellington Messias Damasceno.
“Ainda está muito distante da produção que tivemos em 2012, com registro de ociosidade nas fábricas”, prosseguiu. (Confira o quadro de licenciamentos em 2012, 2016 e 2017).
O dirigente ressaltou que a falta de uma política automotiva brasileira amplia a ameaça contra a indústria nacional e os empregos.
“Se não fosse o Inovar-Auto, que se encerrou em dezembro do ano passado, o País estaria em um cenário muito pior. Um dos resultados do Regime Automotivo foi ter dado a condição de o Brasil disputar os mercados externos”, explicou.
“O Inovar-Auto incentivou as empresas a melhorarem a competitividade, a segurança e a eficiência dos veículos”, ressaltou. “E essa plataforma mais competitiva só foi possível por conta dos investimentos realizados com o Regime Automotivo”, continuou.
Entre os resultados da política ao setor estão mais de R$ 16 bilhões em investimentos e mais de 54 mil empregos diretos e indiretos.
“Em 2011, antes do Inovar-Auto, o número de importações estava muito alto sem agregar nada à indústria brasileira”, lembrou. “O Sindicato sempre defendeu políticas ao setor automotivo, como o Programa Nacional de Renovação de Frota, o incentivo à ferramentaria e o próprio Inovar-Auto”, prosseguiu.
Wellington explicou que é por isso que o Sindicato participa das discussões para defender uma política voltada aos interesses dos trabalhadores.
“O setor precisa de um motor propulsor do Estado como incentivador para a pesquisa e o desenvolvimento da inteligência no País”, defendeu.
“Se não marcarmos posição, as políticas em discussão podem sair apenas com o incentivo às montadoras e sem nenhuma contrapartida aos trabalhadores, como melhores empregos, salários e qualificação profissional”, concluiu.
Da Redação.