Produção brasileira ocupa apenas 1% na TV por assinatura. Enlatados no cinema também ganham

12 canais de filmes pagos abocanharam 85,4% das exibições. No cinema, americanos são campeões nas salas brasileiras

O brasileiro paga caro para assistir aos enlatados estrangeiros. No ano passado, dos 5.538 filmes de longa-metragem que foram exibidos pelos 12 canais de filmes pagos (Canal Brasil, Cinemax, 3 canais HBO, Maxprime, 5 canais Telecine e TNT), 85,4% foram títulos estrangeiros. O levantamento é da Ancine (Agência Nacional do Cinema).

Segundo o presidente da entidade, Manoel Rangel, além de o cliente brasileiro de TV por assinatura pagar um dos preços mais altos entre os países íbero-americanos, ele pouco conhece de sua própria cultura. 
Rangel observou que a participação de 14,6% da produção nacional só se confirma se for levada em conta a programação o Canal Brasil, que, por força da Lei do Cabo, é obrigado a transmitir produção nacional. Sem esse canal, o conteúdo nacional na TV paga brasileira é praticamente inexistente: só foram exibidos 64 títulos nacionais, ou 1,4%¨do total de filmes exibidos no ano passado pelas operadoras de TV paga.

No segmento de minisséries e seriados, a mesma situação se repete: dos 11 canais de TV paga monitorados pela Ancine foram exibidas 2,754 mil horas de minissérios e seriados e apenas 34,5 horas (duas minisséries) eram brasileiras. “As minisséries e seriados estrangeiros ocuparam 98,8% das horas de exibição”, afirmou.

Olhar para dentro
Para Rangel, esses números respaldam a necessidade do estabelecimento de cotas ao conteúdo nacional nas operadoras de TV pagas brasileiras. “Embora alguns setores não concordem com as cotas, 90% dos agentes econômicos já pactuaram a necessidade de aprovação do PL 116, projeto que tem o grande mérito de ser uma iniciativa do Congresso Nacional”, enfatizou ele.

Conforme o dirigente, a reação dos produtores estrangeiros e da Sky contra as cotas estabelecidas no projeto não deverá impedir a sua aprovação. Ele discorda da afirmação desses players, de que nos mercados estrangeiros, as cotas à produção audiovisual foram estabelecidas na TV aberta e não na TV fechada.

Ele assinalou que, na TV aberta brasileira, a situação é menos desigual. Conforme a Ancine, em 2009, os canais de TV abertos exibiram 1,809 mil filmes de longa-metragem, dos quais 11,4% foram brasileiros e 78% norte-americanos. Entre as minisséries e séries, foram exibidos 4,708 mil horas, das quais 71,7% norte-americanas e 16,5% brasileiras.
 
Telona
No cinema a situação se repete. Ainda segundo a Ancine, a liderança de público e de renda, no primeiro semestre deste ano, foi dominada por três filmes produzidos nos Estados Unidos. “Avatar” distribuído pela Fox a partir de dezembro de 2009, em 678 salas de cinema, teve público de 6,2 milhões no primeiro semestre de 2010 e obteve renda de R$ 72,8 milhões.

“Alvim e os esquilos 2”, também distribuído pela Fox, em 416 salas, teve público de 5 milhões e renda de R$ 38,2 milhões, enquanto que “Alice no país das maravilhas”, distribuído pela Sony/Disney (Columbia) em abril deste ano, já foi visto por 4,3 milhões de espectadores em 492 salas espalhadas pelo Brasil.

Também distribuído pela Sony/Disney (Columbia), o filme brasileiro “Chico Xavier” começou a ser exibido em abril deste ano, em 392 salas. Desse período até o final de junho, 3,4 milhões de pessoas já haviam assistido à obra, cuja renda obtida no primeiro semestre deste ano foi de R$ 30,3 milhões.

Lançado em dezembro, “Xuxa em o mistério da Feiurinha”, distribuído pela Playarte em 210 salas, teve público de 1 milhão de espectadores e rendeu até agora R$ 6,7 milhões.

Outra produção brasileira, “Lula, o filho do Brasil”, distribuído pela Downtown (Freespirit) em janeiro deste ano, em 360 salas, teve público de 848 mil espectadores e rendeu R$ 7 milhões.

De acordo com o balanço da Ancine, no primeiro semestre deste ano foram lançadas 33 produções nacionais, das quais 20 obras de ficção e 13 documentários. Os lançamentos estrangeiros dominaram as produções.

Foram lançadas 125 obras estrangeiras no mercado brasileiro, sendo 83 norte-americanas e 42 de outras nacionalidades. Na distribuição de filmes, o mercado registrou a atuação de 37 empresas, mas oito distribuidoras, juntas, foram responsáveis por 97,43% do público.

Da Redação com agência Tele.Síntese, Diap e InfoMoney