Produção de bens duráveis vai puxar indústria, diz FGV
O setor de bens duráveis vai puxar o crescimento da produção industrial brasileira este ano. De acordo com projeção do Centro de Macroeconomia Aplicada da Fundação Getulio Vargas (Cemap-FGV), a fabricação de produtos como veículos, eletroeletrônicos e móveis deverá registrar expansão de 9,5% em 2011, bem acima da média esperada para toda a indústria, de 4,5%.
Na comparação com 2010, a expectativa do Cemap para o desempenho do setor de bens duráveis este ano apresenta ligeira desaceleração, de 10,3% para 9,5%, enquanto a taxa da produção industrial poderá fechar 2011 com redução de seis pontos percentuais – de 10,5% para 4,5%.
Para o coordenador do Cemap, Emerson Fernandes Marçal, crédito e renda garantem maior vigor para a indústria, principalmente para a produção de automóveis, móveis e eletroeletrônicos. “A indústria automobilística está diretamente ligada ao crédito, e o consumo aí também está associado com a renda maior. As pessoas estão ganhando mais na média, então elas arriscam a comprar bens de valor agregado maior, como um carro.”
Para Marçal, as medidas macroprudenciais de restrição ao crédito, aplicadas pelo Banco Central no fim do ano passado, não terão força para reduzir o ímpeto de alguns setores da indústria. “As medidas do governo para restringir o crédito tem alguma interferência, alguns setores sofreram com o encarecimento de financiamento e encurtamento de prazos, mas não são todos. Podemos notar algumas inflexões, mas não a ponto de desacelerar fortemente o consumo de todos os setores”, argumenta o economista.
A projeção do Cemap foi feita com base no resultado fechado da indústria no primeiro trimestre. “No começo do ano, percebemos que a indústria demonstrava que andaria de lado o resto do ano, mas retomou fôlego em fevereiro e março. Agora nossa análise indica que os setores de bens duráveis e de bens de capitais devem crescer mais do que todo o conjunto e puxar a indústria como um todo, o que é um dado bastante positivo”, diz.
Depois de uma forte alta em 2010 (20,9%), que praticamente garantiu a recuperação das perdas decorrentes da crise econômica, o setor de bens de capital crescerá acima da média geral da indústria, de acordo com a previsão do Cemap. A expectativa é que o setor alcance uma taxa de crescimento de 7,1%.
As projeções para 2011 também indicam variação de 4,4% para a produção da indústria de transformação, ante um resultado de 10,3% em 2010; 4,2% para bens intermediários, contra 11,4% no ano passado. No consumo, a produção industrial de bens não duráveis deverá chegar a 2,2% – o desempenho de 2010 foi registrado em 5,5%.
Marçal destaca que as projeções do Cemap são otimistas. “É uma avaliação acima da média. A pesquisa Focus, do Banco Central, projeta crescimento de 3,85% da indústria em 2011. Nossa análise indica que os setores de bens duráveis e de bens de capitais devem crescer mais do que os outros setores e puxar a indústria como um todo”, diz Marçal.
Recente relatório da Rosenberg Consultores Associados, por exemplo, prevê para este ano expansão de 2,5% para a produção industrial do país.
Do Valor Econômico