Produção industrial dá sinais de recuperação e atinge 69%

Capacidade instalada aumentou um ponto percentual no segundo trimestre. Produção ainda está abaixo do nível histórico para o período, diz CNI

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quinta-feira (23) números que mostram uma leve recuperação da atividade industrial no segundo trimestre deste ano, comparado aos três primeiros meses de 2009.

Segundo o levantamento, a capacidade instalada média das fábricas ficou em 69% entre abril e junho, um ponto percentual a mais do que no começo do ano.

A pesquisa mostra que a atividade industrial ainda está longe dos patamares de 2008. No segundo trimestre do ano passado, a capacidade instalada média da indústria era de 77%.

A CNI divulgou também um novo indicador que compara a utilização da capacidade instalada da indústria ao longo da história. Segundo esse indicador, o segundo trimestre deste ano registrou uma atividade bem abaixo da média história para esse período. Cerca de 13,5 pontos percentuais inferior ao nível histórico.

O levantamento mostra ainda que os estoques ainda estão em níveis mais elevados que os desejáveis para esse período do ano.

A sondagem industrial também mostrou que os empresários estão sentindo menos a falta de demanda e ela já não é o principal problema apontado por eles para a redução da atividade industrial. No primeiro trimestre, 56,4% dos empresários culpava a falta de demanda para redução da produção. No segundo trimestre, esse percentual caiu para 45,3%.

A situação financeira das empresas também melhorou em comparação com o primeiro trimestre. O índice de satisfação com a margem de lucro operacional registrou 37,8 pontos, 1,8 ponto percentual a mais do que no primeiro trimestre. Contudo, como o índice ainda está abaixo dos 50 pontos, o empresário continua insatisfeito com a situação.

Otimismo

A pesquisa da CNI mostra também que o otimismo voltou ao meio empresarial. O índice que mede a expectativa de demanda dos industriais ficou em 57,1 pontos, 8,8 pontos percentuais acima da avaliação no primeiro trimestre. Contudo, o grau de otimismo ainda está abaixo dos níveis antes da crise. Cerca de 4,1 pontos a menos do que no segundo trimestre de 2008.

A expectativa, porém, está baseada principalmente no mercado interno, já que a expectativa em relação às exportações está em 44,7 pontos, bem abaixo dos 50 pontos – nível básico para uma avaliação positiva do cenário.

Emprego

A expectativa em relação ao emprego nas fábricas ainda é tímida. Segundo o levantamento da CNI, os empresários não esperam uma grande elevação nas contratações nos próximos meses. Desde o último trimestre do ano passado, os industriais não tem apontado expectativas positivas em relação ao nível de emprego.

Contudo, as industrias estão planejando aumentar suas compras de matérias-primas. É a primeira vez que esse indicador fica positivo neste ano. O índice nesse caso é de 54,4 pontos, bem acima dos 46,6 pontos registrados no primeiro trimestre. Sempre que o índice fica acima dos 50 pontos significa que a avaliação é positiva.

Pior da crise passou

Segundo o documento divulgado nesta quinta-feira pela CNI, “há sinais de que o pior da crise já passou”. Dos 28 segmentos econômicos da pesquisa da confederação, 19 ainda estão com a atividade industrial abaixo dos 50 pontos (abaixo do esperado), mas nove já estão acima dessa linha de corte e a maioria, segundo a sondagem industrial, apresentou elevação da produção.

“As pequenas empresas ainda estão em crise, segundo mostram os dados de produção do segundo trimestre, mas as grandes já estão produzindo mais e mostrando a reação”, explicou o diretor de pesquisas da CNI, Renato da Fonseca.

Na avaliação de Fonseca, é melhor que a retomada se dê de forma mais gradual para evitar novas quedas no futuro.

Os segmentos que recuperaram mais rapidamente sua capacidade de produção foram: álcool, refino e petróleo, farmacêutico, outros equipamentos de transporte, veículos automotores, têxteis, vestuário, edição e impressão e alimentos. Todos estão com indicadores de atividade industrial acima dos 50 pontos.

“A melhora da expectativa não nos surpreende. O que nos surpreende é que a melhora da produção foi bem maior do que a gente imaginava”, disse o direto de pesquisas da CNI, Renato da Fonseca.

Do G1