Produção industrial registra queda em setembro, diz CNI
A produção industrial registrou queda em setembro, de acordo com sondagem realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta terça-feira (26/10). O indicador da produção recuou 6,3 pontos na comparação com o mês anterior, para 48,6 pontos.
A atividade industrial continua perdendo força de acordo com a pesquisa. No terceiro trimestre, apesar do crescimento em julho e agosto, a produção fechou o mês de setembro com queda. Não fosse pela sazonalidade favorável do fim do ano, provavelmente a indústria estaria vivenciando uma queda mais significativa na produção.
Os indicadores sugerem queda da atividade industrial para os próximos meses. A utilização da capacidade instalada manteve-se abaixo do usual pelo décimo mês consecutivo.
Em setembro, o indicador de Utilização da Capacidade Instalada (UCI) recuou de 47,5 pontos em agosto para 45,0 pontos em setembro. Desde dezembro de 2010 que a indústria opera com utilização da capacidade abaixo do usual.
O percentual médio de utilização da capacidade instalada em setembro foi 76%, o mesmo registrado em agosto. Esse resultado aponta a moderação da atividade industrial, uma vez que setembro é um mês no qual, normalmente, há crescimento da atividade industrial.
Problemas
O baixo crescimento industrial em 2011 é explicado por três fatores: as medidas de contenção da demanda (as grandes empresas voltaram a reclamar da dificuldade de acesso ao crédito); a maior competição com produtos importados no mercado doméstico; e a deterioração do cenário externo.
Em particular, o problema da “falta de demanda” continua relevante: recebeu 24,6% de assinalações entre os principais problemas enfrentados pela indústria no terceiro trimestre de 2011.
A perda de competitividade dos produtos brasileiros, sobretudo em razão da valorização do real nos últimos oito anos, faz com que parte da demanda doméstica seja direcionada para produtos importados. Desse modo, as vendas no varejo continuam crescendo, enquanto a produção industrial fica estagnada.
Estoques
Os estoques permanecem elevados e a queda da produção em setembro não foi o suficiente para trazê-los ao nível planejado. O nível de estoques cresceu levemente em setembro, após cinco meses de crescimento mais intenso. O indicador de evolução de nível de estoques ficou em 50,9 pontos. Esse indicador está acima da linha divisória de 50 pontos desde janeiro de 2011.
As expectativas ainda são positivas quanto à demanda prevista para os próximos seis meses, mas se mostram cada vez menos otimistas. A indústria já não pretende aumentar o emprego.
O número de empregados na indústria manteve-se estável em setembro. O indicador de evolução do número de empregados está em 50,3 pontos.
A pesquisa aponta que a alta carga tributária continua sendo o principal problema para os três portes de empresa, enquanto a competição acirrada no mercado continua sendo o segundo problema mais assinalado.
Indústria opera com excesso de estoque
Em setembro 14 setores registram queda da produção na comparação com agosto. Os setores Borracha e Veículos automotores foram os que mais reduziram a produção (indicadores abaixo de 40 pontos).
A queda da produção se espelha na maior ociosidade da indústria.Dos 26 setores da indústria de transformação considerados, 22 operam com utilização da capacidade instalada abaixo do usual. Os setores de Borracha, Madeira e Têxtil registram indicadores abaixo de 40 pontos
Setor Veículos automotores: Estoques indesejados
O setor Veículos automotores diminuiu intensamente a produção em setembro após um mês de elevado crescimento.O indicador de evolução da produção passou de 56,1 em agosto para 39,5 pontos no mês seguinte.
A inversão do quadro se deu pelo elevado nível de estoques indesejados. Em setembro, o indicador de nível de estoques situa-se em 53,6 pontos e o indicador de estoque efetivo em relação ao planejado encontra-se em 57,3 pontos.
Nesse cenário, o setor trabalha com mais ociosidade: o indicador de utilização da capacidade instalada em relação ao usual para o mês de setembro encontra-se em 40,5 pontos, bastante abaixo da linha divisória de 50 pontos.
O emprego do setor também recuou em setembro. O indicador de evolução do número de empregados passou de relativa estabilidade em agosto (50,4 pontos) para redução em setembro (47,7 pontos).
Do ABCD Maior