Produção industrial tem tombo recorde de 18,8% em abril
A produção industrial brasileira desabou 18,8% em abril, na comparação com março e atingiu o nível mais baixo já registrado no país, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (3).
Segundo o IBGE esta é a queda mais intensa da indústria desde o início da série histórica, em 2002, e o segundo resultado negativo seguido, com perda acumulada de 26,1% no período.
Para o secretário-geral do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, os dados apresentados pelo IBGE só mostram o quando o governo não está preocupado e não consegue desenvolver políticas industriais.
“Há diversos temas que atores da sociedade ligados a indústria estão discutindo nesse momento como a reconversão industrial, a nacionalização, a produção de máquinas e equipamentos e a própria discussão do crédito para a indústria, mas nosso governo não consegue organizar. Não cria pautas e nenhuma articulação para negociação com esses atores. O governo não tem essa capacidade e muito desse resultado é culpa dele”, afirma.
O diretor também alega que diferentemente do que está sendo divulgado o tombo recorde não é consequência apenas do impacto da pandemia do novo coronavírus e das medidas de isolamento social.
“O problema não é apenas da pandemia, pois em março, a produção industrial já havia recuado 9% frente ao mês anterior, e não havia pandemia instaurada ainda no país. Temos que perceber que o desmonte e o pouco caso que este governo tem com a indústria já vem de muito tempo”, alerta.
Com o tombo de abril, o patamar da produção industrial no país ficou 38,3% abaixo de pico histórico, registrado em maio de 2011. Na comparação com abril do ano passado, a queda foi ainda maior, de 27,2%, o sexto resultado negativo seguido nessa comparação e recorde negativo da série histórica da pesquisa.
No ano, de janeiro a abril, a produção industrial encolheu 8,2%, e nos últimos 12 meses, passou a acumular retração de 2,9%. A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias desabou 88,5%, na comparação com março e 92,1% na comparação anual. Foi a queda mais intensa desde o início da série histórica.
Aroaldo ainda aponta que os atores responsáveis pela indústria têm que começar a se mobilizar e organizar para salvar a indústria brasileira e os postos de trabalhos.
“Se de fato queremos ter uma indústria forte e o garantir os postos de trabalho, é preciso mobilização, articulação e organização. Um país de dimensões continentais como o Brasil e com a população que tem não será salvo apenas com os setores de comercio e serviço”, prossegue.
“Não podemos esquecer que nosso setor de serviço não desenvolve pesquisa e tecnologia e com o comércio é a mesma coisa. As grandes redes varejistas em nosso país não são brasileiras. Ou a gente organiza a indústria ou a gente vai empobrecer muito mais o Brasil. E ele tende a ser um país miserável sem um setor de indústria fortalecido”.