Produto brasileiro perde espaço na América Latina

Os veículos produzidos no Brasil estão perdendo espaço nos países vizinhos onde, pela distância, deveriam ser opções naturais. Como mostrado em estudo feito pela Anfavea no ano passado os modelos produzidos na China representaram 21,2% das importações dos países latino-americanos, enquanto os brasileiros ficaram com fatia de 19,4%. Há dez anos a porcentagem era 4,6% e 22,5%, respectivamente.

“Países da Ásia aumentaram, nos últimos anos, sua produção visando à exportação. Enquanto isso o Brasil andou de lado, perdeu competitividade e passou a perder espaço em sua própria região”, disse Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, em sua palestra no 5º Congresso Latino-americano de Negócios do Setor Automotivo, organizado pela AutoData. “Este ano o mercado global de veículos cresce em torno de 7%. No Brasil e na Argentina as vendas ficarão em torno de 1,3% maiores.”

A solução para crescer a produção nestes dois países, portanto, é ganhar espaço nos mercados vizinhos. Mas, como mostrado por Lima Leite, o que vem ocorrendo é justamente o contrário. Para o presidente da Anfavea o preço é questão importante. No Brasil, segundo ele, o custo aumenta de forma estrutural. A reforma tributária, que tramita no Congresso, ajudaria a eliminar parte das distorções: “A premissa desta reforma tributária é tributar o consumo. Hoje o Brasil exporta impostos que incidem sobre a folha de pagamento, por exemplo”.

Ganhar espaço na América Latina, e em outros mercados-alvo como a África, ajudaria ao Brasil a ter maior escala que, junto com correções de tributos, poderia elevar a competitividade do produto nacional. Hoje a batalha é dura: “Destas importações que citamos muitas são feitas por matrizes de montadoras já instaladas aqui. Em alguns casos é mais vantajoso importar de outros locais do que do Brasil ou da Argentina”.

Da AutoData