Professores mal pagos
No intervalo das aulas do período noturno de uma escola pública estadual, uma professora e um professor iniciam um diálogo insólito:
“Professor, compre um bombom, destes que fiz em casa?!”
Com fome e sem alternativas, a não ser um biscoito meio mofado doado pelo dono da cantina, o professor responde:
“Quanto custa? Deixe-me ver”.
“Custa R$ 0,50”.
“Legal! Quero um. Você faz sempre?”.
“Sim! Estou sem dinheiro até para pegar condução”.
“Como? Assim não dá! Você está pagando para trabalhar?!”.
“Calma professor! Eu topo porque nem sou formada ainda! Sou professora eventual e só entro em sala de aula quando um de vocês, que são efetivos, falta. Tem noite que faltam vários professores e às vezes dá até briga entre os eventuais na hora de definir quem pega as aulas”.
“Poxa! Não é difícil para uma aluna de matemática assumir uma sala de aula de Português ou de História?”.
“É difícil! Ninguém me dá atenção! É a maior bagunça! Então eu levo quebra-cabeças para a sala para os alunos passarem o tempo e eles ficam em silêncio”.
Este diálogo passa longe dos gabinetes das autoridades do Estado de São Paulo. A alternativa encontrada para a ausência cada vez mais frequente do professor foi a entrada do professor eventual. Gerou um segundo problema ao colocarem, na difícil função de professor polivalente, um substituto despreparado ao invés de um, que pelo bom senso, deveria ser um profissional com mais experiência.
Este é apenas um dos problemas ignorados pelas autoridades, entre tantos outros vividos pela educação paulista. Há muito tempo, os profissionais da educação da rede pública vêm descendo os degraus do desalento. Está mais do que na hora de mudarmos os rumos da educação em nosso Estado.
Departamento de Formação