Programa brasileiro de cisternas ganha prêmio das Nações Unidas

Iniciativa garante o acesso à água para famílias de baixa renda da zona rural de cidades do Semiárido brasileiro, região que enfrenta secas prolongadas de até oito meses por ano

O Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), com recursos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) recebeu reconhecimento internacional. A ação ganhou o Prêmio Sementes 2009, da Organização das Nações Unidas (ONU), concedido a projetos de países em desenvolvimento feitos em parceria entre organizações não-governamentais, comunidades e governos.

O Programa das cisternas garante o acesso à água a famílias de baixa renda da zona rural de cidades do Semiárido brasileiro, que enfrenta secas prolongadas de até oito meses por ano. Até abril de 2009, o MDS já havia investido em cerca de 226 mil cisternas, que beneficiaram mais de um milhão de famílias. O investimento total previsto para 2009 é de 107,5 milhões de reais.

Para a diretora da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Neila Batista, o prêmio significa o reconhecimento de uma ação que melhora a qualidade de vida de famílias do sertão nordestino. “Nossa metodologia atende àqueles que têm maior necessidade. Estabelecemos diretrizes de execução e monitoramento, beneficiando famílias do Cadastro Único, quilombolas e indígenas”.

O coordenador da ASA e membro do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Naidison Baptista, diz que o prêmio da ONU é um sinal de que o trabalho deve continuar. “É um incentivo muito grande a todos os envolvidos, que fazem o projeto acontecer. Não só para a ASA, as famílias, os pedreiros, mas também para o MDS, que apoia bravamente o programa, transformando-o em uma política pública”.

Cisternas
Dentro do programa apoiado pelo MDS, há as cisternas menores, que abastecem água para o consumo das famílias, e as maiores, usadas para armazenar água para a produção de alimentos. As cisternas menores, ou de primeira água, fornecem o líquido para beber e preparar os alimentos. Construídas com placas de concreto ao lado da casa, armazenam cerca de 16 mil litros de água, coletada por calhas no telhado. As famílias colaboram na construção das cisternas, recebem capacitação sobre manejo da água e cuidados com a cisterna e são selecionadas e mobilizadas por meio de comissão ou conselho municipal.

Já as cisternas maiores são chamadas de segunda água ou cisternas para produção porque armazenam uma quantidade maior, que pode passar dos 50 mil litros. A água é usada na agricultura familiar, na produção de alimentos para consumo das famílias beneficiadas. No projeto, há seis tipos de cisternas para a produção, algumas delas suficientes para até 12 famílias. A água pode ser captada da chuva ou de poços subterrâneos.

Outros Prêmios
Esta não é a primeira premiação recebida pelo Programa. A iniciativa já havia sido reconhecida, anteriormente, com o Prêmio Josué de Castro de Boas Práticas em Gestão de Projetos de Segurança Alimentar e Nutricional, na categoria Sociedade Civil, em 2008; o Prêmio ANA 2006, da Agência Nacional de Águas, na categoria Uso Racional de Recursos Hídricos; e o Prêmio ODM 2005, organizado pelo governo federal, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Brasil) e Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade.

Do Em Questão