Programa de incentivos fiscais para troca de veículos pesados deveria ser perene, diz presidente da VW
Segundo Roberto Cortes, a partir da nova regulamentação o programa voltado a ônibus — que recebeu R$ 300 milhões em incentivos federais —, também tende a receber maior demanda
O programa de incentivos fiscais do governo federal para a troca de veículos pesados deveria “ser perene” para poder dar conta da renovação da frota envelhecida, afirma o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes. Segundo o último estudo do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes (Sindipeças) sobre a frota brasileira, dos 2,162 milhões de caminhões que rodam no país, quase a metade (48,4%) tem entre seis e 15 anos e 28,7% circulam nas ruas e estradas há 16 anos ou mais.
Chamou a atenção de Cortes que, na busca pelos veículos que começam a ser sucateados, na aliança entre Gerdau, Vamos e Volks, foi encontrado em pleno Porto de Santos, o maior do país, um caminhão de 53 anos, que opera no transporte de mercadorias entre os armazéns. Esse é o mais velho dos 140 veículos que vão virar sucata e que têm, em média, 36 anos. Segundo Cortes, a idade de um caminhão “economicamente viável” gira em torno de cinco a sete anos.
Também preocupa o executivo as dificuldades para financiamento. “Precisaríamos ter o Finame de antigamente, que oferecia linhas com taxas entre oito e dez pontos mais baixas que o mercado; hoje estamos com uma diferença de 1,5 ponto”, destaca. Cortes também defende linhas especiais para caminhões usados para que o caminhoneiro que possui o veículo que vai ser sucateado tenha acesso a crédito para a compra do seminovo e, assim, conseguir subir a escada”.
No início de junho, o governo federal liberou incentivos fiscais para a compra de carros, caminhões e ônibus com descontos. Os recursos, que somaram R$ 1,8 bilhão, foram obtidos por meio da reoneração do diesel. No caso dos carros, o total de R$ 800 milhões esgotou-se em menos de um mês. Já o programa voltado aos caminhões, envolvendo R$ 700 milhões para a compra de veículos com descontos de R$ 33 mil a R$ 80 mil, não decolou porque para receber o benefício num modelo zero-quilômetro, o dono de um veículo com mais de 20 anos deveria entregar o velho para a sucata.
Do Valor Econômico