Proposta prevê que trabalhadores sejam “donos” da Chrysler

Segundo o ´WSJ´, sindicato ficaria com 55% das ações, a Fiat com 35% e o governo e credores teriam 10%

O United Auto Workers (UAW), sindicato dos trabalhadores do setor automotivo nos Estados Unidos, pode ficar uma fatia majoritária na Chrysler – 55% das ações – depois da reestruturação da companhia, após um acordo alcançado entre ambas as partes, informa o The Wall Street Journal, que teve acesso a um resumo do pacto.
 
O documento diz que a Fiat ficaria “eventualmente” com 35% da montadora, enquanto o governo dos Estados Unidos e os credores da companhia teriam, juntos, os 10% restantes. O resumo do acordo, alcançado no domingo à noite, foi distribuído na tarde de segunda-feira (27) em uma reunião de líderes do sindicato. O UAW fará uma votação entre os trabalhadores da Chrysler para ratificar o acordo, que exigirá mudanças nos contratos entre eles e a companhia.

De certa forma, a Chrysler vai na mesma direção da General Motors, que ontem apresentou proposta de reestruturação em que o UAW e o governo dos EUA ficariam com 89% das ações da companhia.

De acordo com o documento obtido pelo Journal, em troca de mudanças nos contratos dos funcionários, a Chrysler pagaria US$ 4,587 bilhões para o fundo fiduciário, ou VEBA, que o sindicato usará para assumir o custo da prestação de serviços de saúde para os trabalhadores aposentados. A montadora pagaria US$ 300 milhões em dinheiro para o VEBA em 2010 e 2011 e aumentaria os recursos para até US$ 823 milhões entre os anos 2019 e 2023. O VEBA também teria um volume “significativo” das ações da Chrysler e poderia indicar um representante para a diretoria da companhia, diz o resumo do acordo. No futuro, o VEBA poderia vender as ações para outras partes.

Entre outras medidas de cortes de custos com as quais Chrysler e UAW concordaram estão novos limites para o pagamento de horas extras. Os funcionários só receberiam esse pagamento após trabalhar pelo menos 40 horas por semana. Eles também perderiam o feriado de segunda-feira após o domingo de Páscoa nos anos 2010 e 2011.

Quanto à participação da Fiat, o investimento da montadora italiana poderia chegar a US$ 8 bilhões, de acordo com o documento, o que criaria quatro mil novos empregos sindicalizados nos EUA. A Fiat concordou em produzir pelo menos um carro pequeno em uma fábrica da Chrysler nos EUA e permitiu que a montadora norte-americana use um motor a diesel 3.0 e outro a gasolina 1.4 nesses veículos.

Para assegurar que as partes interessadas estão se sacrificando para ajudar na recuperação da companhia, a Chrysler fornecerá ao UAW atualizações trimestrais e contribuições de “executivos, executivos-chefes, concessionárias, fornecedores, entre outras partes”, diz o sumário do acordo.

Na segunda-feira à noite, representantes dos trabalhadores do UAW na Chrysler recomendaram que os membros do sindicato aprovem o acordo entre o sindicato e a montadora. O UAW espera que os funcionários da empresa aprovem o acordo até esta quarta.

Da Agência Estado