PT paulista acelera para ressuscitar CPI do Rodoanel

Bancada já reuniu 23 das 32 assinaturas necessárias para instalar comissão

Pode resultar em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a queda de três vigas de sustentação do viaduto Rodoanel na Rodovia Régis Bittencourt, em São Paulo, na última sextafeira, que deixou três pessoas feridas. A bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo pretende coletar ainda nesta semana assinaturas de deputados para aprovar a criação da CPI que a bancada tenta emplacar desde 2001. Até ontem o partido contava com 23 assinaturas de deputados da oposição, sendo que são necessárias 32. O PT pretende, ainda, apurar as denúncias levantadas pelo Tribunal de Contas da União.

Presidente da Comissão de Serviços e Obras Públicas Alesp, o deputado Simão Pedro (PT) protocolou ontem um requerimento solicitando a convocação do secretário estadual de Transportes, Mauro Arce, para esclarecer o desabamento. A expectativa é de que o requerimento entre na pauta da reunião ordinária hoje, sendo aprovada pela maioria dos sete membros efetivos da comissão.

– Não podemos ficar reféns do calendário eleitoral. É um absurdo darmos 15 dias para o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) fazer os laudos do acidente – afirmou Simão Pedro. – É necessário paralisar as obras para que os técnicos possam fazer uma investigação profunda sobre o que aconteceu e verificar se existem riscos em outros viadutos no Rodoanel.

Hipóteses Em entrevista coletiva concedida no último sábado, o secretário explicou que esse viaduto estava em construção e que as vigas foram colocadas no local na terça-feira.

Até o último sábado, Arce dizia não ser possível afirmar o que teria motivado o acidente. O secretário, no entanto, afirmou que já está realizando os ajustes para corrigir as falhas apontadas pelo Tribunal.

O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) disse ontem que a instalação de quatro, e não de cinco vigas previstas, é a principal hipótese para explicar as causas do acidente. A informação foi divulgada após representantes do conselho visitarem o local onde ocorreu o acidente, na rodovia Régis Bittencourt, em Embu (Grande São Paulo).

De acordo com o conselho, a instalação de uma viga a menos é um procedimento incorreto e inadequado. Uma das cinco vigas, entretanto, quebrou antes de ser instalada, durante o transporte.

Para os engenheiros do Crea, como a quinta viga quebrou, nenhuma delas deveria ter sido instalada.

Isso porque o cálculo do projeto é feito considerando as cinco vigas, e a amarração entre elas só é feita após a instalação de todas. “É como um quebra-cabeça”, disseram os engenheiros do conselho. Para eles, porém, a instalação de quatro vigas, e não cinco, não é um erro, mas é tecnicamente incorreto.

Anteriormente, o coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil do Crea, Antônio Carlos Tosetto, já havia dito que acreditava que as vigas já apresentavam problemas antes da instalação: – Acho que pelo menos uma viga já devia estar comprometida, mesmo que fosse imperceptível.

Pode ter sido na montagem ou talvez até tenha levado um tombo.

Será realizado um levantamento de todos aqueles que participaram da obra, abrir um processo e apurar quem são os profissionais responsáveis.

Investigações As vigas, que pesam 85 toneladas e têm 40 metros de comprimento, haviam sido instaladas no começo da semana. Por volta das 21h15 de sexta elas despencaram de uma altura de aproximada de 20 metros e atingiram um caminhão e dois carros.

As causas do acidente estão sendo investigadas.

Do Valor Econômico