Quadruplicam portadores de HIV com mais de 60 anos

Entre 2009 e 2013 o número de idosos diagnosticados com Aids cresceu quatro vezes no HSPE Diário de S. Paulo

Entre 2009 e 2013 o número de idosos diagnosticados com Aids cresceu quatro vezes no HSPE (Hospital do Servidor Público Estadual). 

Segundo levantamento do Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual), nesse período de quatro anos o número de pacientes com mais de 60 anos e com HIV positivo subiu de 230 para 950, o que representa 18% dos atendimentos no Ambulatório de Moléstias Infecciosas do hospital.

O Iamspe responde pelo atendimento de 10% da população idosa no estado e cerca de 60% dos pacientes internados no HSPE têm 60 anos ou mais. 

De acordo com o infectologista Marco Broitman, diretor do pronto-socorro do HSPE, existe uma série de fatores que podem contribuir para essa situação preocupante.

“A população de idosos tem menor acesso à informação, muitos deles não utilizam a internet, por exemplo. A maior parte das campanhas de conscientização sobre o HIV são direcionadas aos jovens. Além disso, não podemos nos esquecer das novas drogas (medicamentos) que chegaram ao mercado  e permitem a ereção de quem não conseguia mais tê-la”, disse Broitman.

Apesar dos números alarmantes do levantamento com os pacientes do HSPE, no estado os casos de Aids em  pacientes idosos teve uma ligeira alta entre 2010 e 2011, mas apresentou queda entre 2011 e o ano retrasado.

Na capital, os novos casos registrados em pacientes com mais de 60 anos oscilaram negativamente de 2,8% em 2011 para 2% no ano passado (o levantamento de 2013 ainda é parcial). A recomendação médica para evitar a doença é usar sempre a camisinha.

SÍFILIS/ A pesquisa do Iamspe mostra ainda que os pacientes com 60 anos ou mais com sífilis (doença causada por uma bactéria também sexualmente transmissível) representam 23% dos atendimentos.

Entrevista com Marcos (nome fictício)_, portador de Aids: ‘Sou muito consciente e agora uso camisinha do começo ao fim da relação’

O servidor público Marcos (nome fictício para preservar a identidade do entrevistado), de 65 anos, contraiu Aids há cerca de um ano e relata como sua vida ficou após a doença.

 Como o senhor contraiu HIV?

MARCOS_ Eu sempre usei camisinha nos meus relacionamento. Mas me relacionei com uma mulher de 46 anos que trabalhava em um hospital. Ficamos cerca de um ano juntos e ela parecia tão certinha que eu ia na fé (fazia sexo sem camisinha). Ela sempre teve medo de fazer o exame, mas, quando fez, descobriu que tinha Aids e aí me contou. Também fiz o exame e deu positivo.

Qual foi sua reação?

Não dormi durante umas duas noites. Mas depois de muita reflexão fiquei melhor. Ainda mais porque eu descobri a doença muito no início e logo comecei a me tratar. Não tenho nenhum sintoma, sou só portador do vírus. Encaro como se fosse uma diabetes ou um colesterol alto. Não bebo e tomo os remédios regularmente.

E também leva uma vida normal?

Com certeza. Meu prazer é dançar. Então saio e passo a noite toda na água (dançando). Também acho que o exercício é a alma da saúde. Ainda corro cerca de cinco quilômetros por dia. Acho que estou tirando de letra: os remédios não curam, mas tratam a gente.

A sua vida sexual mudou muito?

Sou muito consciente. Agora uso camisinha do começo ao fim (da relação). Tenho facilidade para me relacionar, mas me sentiria muito mal se passasse isso para outra pessoa. Não quero para os outros o que não quero para mim.

Baile para idosos distribui camisinha

O Programa Vem Dançar, da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação, consiste em bailes temáticos, realizados nos salões sociais dos clubes municipais uma vez ao mês. Durante os encontros são distribuídos preservativos para os idosos e idosas com informações sobre a importância de proteção contra as DSTs, principalmente a Aids. 

Da Bom dia