Quando a internet incomoda, liberdade é ameaçada

A internet espalhou a revolução popular na Tunísia e foi uma das principais armas usadas para derrubar o ditador Hosni Mubarak do poder no Egito.
Mas, antes de cair, o ex-governante bloqueou por várias horas o acesso da população do país à rede, tentando sufocar os protestos.

O bloqueio da internet por governos ameaçados não é novidade. Em 2009, a China usou este tipo de proibição e até hoje mantém uma lista de sites e temas censurados na rede. No mesmo ano, o Irã repetiu o gesto durante atos populares.

Essas ações mostram que a internet tem dono e quando ele se sente incomodado com a rede pode desligá-la. E o maior dono é o governo dos Estados Unidos.

O país controla recursos importantíssimos, como dez dos 13 principais servidores da internet (computadores de grande porte sem os quais a internet não funciona).

Também conhecidos como servidores-raiz, eles funcionam como uma lista telefônica gigante, que vai acumulando os nomes de todos os sites do planeta.
Outra carta na manga dos americanos é a Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (Icann), entidade que controla todos os endereços da Internet.

Apesar de gerenciado por diversos países, o Icann tem sede na Califórnia, nos EUA, e é subordinado ao Departamento de Comércio americano.

Agora, para aumentar este controle, um projeto de lei em discussão no senado dos Estados Unidos permite ao presidente norte-americano desligar a internet nos casos em que ele julgar que o país corre perigo nacional.

A ação poderia derrubar toda a rede, já que o tráfego mundial é centralizado nos EUA. Na prática, o projeto transfere para o presidente dos Estados unidos o controle real da internet.

Como escreve o blogueiro Eduardo Santos, a proposta em debate no Senador americano é uma séria ameaça à neutralidade da rede.

“A guerra do novo milênio é a busca por informação. Por isso empresas e governos estão cada vez mais preocupados em controlar o acesso à internet”, completa Santos.

Impedir que isto aconteça é o desafio dos próximos anos.

Da Redação