Quantos chips tem um carro? E por que a produção corre o risco de colapsar?
Aproximadamente quatro anos depois de assolar o mercado com paralisações em massa, uma nova crise no fornecimento de chips e semicondutores assombra a indústria automotiva global. O desabastecimento já começou a afetar fábricas importantes na Europa e vem gerando preocupações quanto a um possível colapso. O Brasil poderá ser afetado diretamente e interromper a produção em questão de semanas, conforme alertas emitidos por entidades do setor.
Se em 2020 e 2021 a causa principal da crise foi a pandemia, desta vez as preocupações têm relação direta com a disputa geopolítica travada entre Holanda e China. Agora em outubro, o governo holandês assumiu o controle da fabricante Nexperia em manobra motivada por “questões de propriedade intelectual”. A empresa produz semicondutores no país, mas pertence ao grupo chinês Wingtech. O governo de Pequim não aprovou a ação e, em resposta, impôs restrições à exportação de componentes eletrônicos produzidos pela empresa em território chinês.
Com isso, restringiu a venda de chips e outras tecnologias para diversos mercados globais, gerando temor de desabastecimento. Um veículo convencional possui em média de 1.500 a 2.000 chips, chegando a até 3.000 no caso de modelos mais sofisticados. Considerados fundamentais para o funcionamento de diversos recursos, os componentes são distribuídos por praticamente todos os sistemas do veículo no processo de fabricação. Sem eles, dispositivos simples, como ar-condicionado, e complexos, como assistentes de condução, são incapazes de funcionar.
No quesito segurança, os chips fazem parte dos módulos de controle de airbag, freios ABS, assistência de direção e muitos outros. No caso do pacote Adas, que inclui controle de cruzeiro adaptativo e frenagem de emergência automática, a necessidade de chips é ainda mais específica. O mesmo vale para equipamentos de entretenimento e conectividade, como rádios, sistemas de navegação, Bluetooth e as plataformas de conectividade Apple CarPlay e Android Auto — todos inteiramente dependentes de sofisticados microchips.
Do AutoEsporte