Queda de inflação possibilitou corte dos juros, diz Copom

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou, nesta quinta-feira (29), a ata de sua última reunião, quando os juros foram reduzidos em um ponto percentual, para 12,75% ao ano, o maior corte em cinco anos, e informou que, diante do cenário de “arrefecimento” [perda de dinamismo] da atividade econômica, reduziram-se de “forma importante” os riscos de um cenário com inflação em alta e acima das metas pré-determinadas.

“O Copom considera, também, que a desaceleração da demanda [procura por produtos e serviços] reduziu as pressões, verificadas durante boa parte de 2008, sobre as condições de oferta, o que deve contribuir de forma importante para desinflacionar a economia. Ainda assim, a política monetária deve manter postura cautelosa, visando assegurar a convergência da inflação para a trajetória de metas, a despeito de haver margem para um processo de flexibilização”, informou na ata do encontro.

O Banco Central avaliou ainda que a “forte desaceleração” da economia global tem gerado “pressões baixistas” sobre os preços no atacado. “Nesse ambiente, a política monetária [definição de juros] pode ser flexibilizada [corte da taxa] sem colocar em risco a convergência da inflação para a trajetória de metas”, informou o Copom no documento.

Metas de inflação
No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o Copom tem de calibrar a taxa de juros para atingir uma meta pré-determinada com base no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ao subir os juros, atua para conter a inflação e, ao baixá-los, avalia que a inflação está condizente com as metas.

Para este ano, e para 2010, a meta central de inflação é de 4,50%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Com isso, o IPCA pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Para 2009, a projeção do mercado financeiro, que estava em 5,20% em dezembro, já caiu para abaixo de 4,70%. Ainda está acima da meta central, mas a tendência, segundo economistas, continua sendo de queda por conta atividade econômica desaquecida.

Segundo o Copom, as expectativas de inflação para 2009 permanecem em patamares superiores à meta, embora tenham “recuado substancialmente” desde meados de dezembro. “Assim sendo, a estratégia adotada pelo Copom visa trazer a inflação de volta à meta central de 4,5%, estabelecida pelo CMN, já em 2009, e mantê-la em patamar consistente com a trajetória de metas em 2010”, informou o Copom em sua ata.

Dólar
O Comitê de Política Monetária informou ainda entender que a “consolidação de condições financeiras restritivas” (falta de crédito) por período mais prolongado deve exercer “efeito contracionista significativo” sobre a demanda por produtos e serviços e, ao longo do tempo, desempenhar pressão desinflacionaria importante e acrescentou que há “ausência de evidências nítidas de repasses da depreciação cambial” [dólar alto] para os preços.

Do G1