Quem procura, é mais que pobre
Há 13 anos, Mauri Oliveira (foto) fundou a Restauração e recupera de graça dependentes em álcool e drogas como Rodrigo. Ex-dependente, não sabe quanta gente já salvou, todos sem dinheiro para pagar os R$ 3.000,00 a R$ 4.500,00 mensais cobrados por “clínicas especializadas”. A Restauração enfrenta dificuldades financeiras imensas para cuidar dos 30 a 35 internados que mantém em média. Nos últimos tempos, a Pastoral da Sobriedade da Igreja Católica e vários metalúrgicos do ABC passaram a contribuir com a comunidade e as coisas ficaram menos ruins.
“Mais que dinheiro, precisamos de voluntários”, revela Mauri. “Quem nos procura não é pobre. É mais que pobre”, conta. Os dependentes chegam totalmente destruídos em todos os sentidos: físico, mental, espiritual e econômico. Alguns ficam e ajudam a entidade após recuperar-se.
É o caso de Roberto, dono de uma pequena confecção que perdeu para as drogas, junto com o carro e a moto. Passou a roubar e traficar. Foi preso várias vezes. “Em 99, eu não queria mais viver nem tinha coragem de me matar”, lembra. “Foi o fundo do poço para mim”.
No auge do desalento procurou a irmã, que foi bater às portas da Pastoral. Roberto foi encaminhado a Restauração, livrou-se das drogas mas continua na instituição. “Tento reconstruir minha vida, participo de grupos, busco voltar à convivência social”, diz. Ele não tem a menor dúvida que a recuperação do dependente é possível. Mas aconselha: “É fundamental trazer a família junto”.