Questão palestina: Israel fora de Gaza não é sinal de paz
Os 9.500 judeus (israelenses) que vivem em 21 colônias na Faixa da Gaza e
outras quatro no norte da Cisjordânia devem abandonar suas casas e deixar a
região ainda nesta semana, sob pena de serem removidos à força.
Essa retirada é histórica. São os judeus devolvendo duas pequenas áreas das
cinco invadidas e ocupadas pelo exército de Israel em 1967, durante a Guerra dos
Seis Dias contra os árabes.
Mesmo histórica, ela pode não apontar o caminho para a paz. O primeiro
ministro israelense, Ariel Sharon, prometeu intensificar as colônias nos outros
territórios ocupados, como na parte árabe de Jerusalém e na Cisjordânia.
Com o projeto de retirada, Sharon quer aumentar a separação entre palestinos
e judeus, tanto que pretende finalizar um imenso muro que está em construção ao
longo dos territórios árabes ocupados.
Nem todos os judeus concordam com essa estratégia de separação, pois ela
inclui abandonar a Faixa de Gaza.
Os colonos ultranacionalistas e religiosos, que são maioria nessa área, dizem
que ela é uma parte da terra bíblica de Israel, que faria parte da Terra
Prometida por Deus aos judeus.
Palestinos querem outras áreas
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, espera que essa retirada
seja o passo inicial para a desocupação também da Cisjordânia e de Jerusalém
Oriental.
Ele disse que existe a possibilidade da Faixa de Gaza se transformar numa
grande prisão, já que o exército israelense continuará controlando o movimento
de bens e pessoas para dentro e fora da região de Gaza.
Abbas também reivindica uma ligação entre Gaza e a Cisjordânia como forma de
garantir liberdade de movimento ao povo palestino.
A Faixa de Gaza tem 224 quilômetros quadrados, uma área menor que nossa
região, e nela vivem cerca de 1,4 milhão de palestinos, a maior parte refugiados
que perderam casa e terra depois da ocupação israelense.
Desde que Israel impôs bloqueio à entrada de trabalhadores palestinos em seus
territórios, o desemprego em Gaza aumentou para 60% da população, enquanto 80%
da população vive abaixo da linha de pobreza.
Disputa vem desde antes de Cristo
966 AC: Pressionadas por guerras, as tribos judaicas de unem
sob Davi e depois sob Salomão e expandem o território ao expulsar outros povos
do território que viria ser a Palestina.
70 DC: Depois de invadida por babilônios, assírios, persas e
gregos, Jerusalém é destruída pelo general romano Tito e os judeus se dispersam
pelo mundo.
636: Os árabes ocupam a Palestina.
1517: A região é dominada pelos turcos e incorporada ao
Império Turco-Otomano até 1917. Nessa época, surge movimento na Europa
para a formação de um Estado judaico na Palestina.
1920: A Inglaterra (Reino Unido) passa a administrar a
Palestina. Aumentam os conflitos entre judeus, que querem a criação do Estado, e
as comunidade árabes da região, explodindo numa guerra civil entre 1936 e
1939.
1947: ONU divide a Palestina em dois Estados, um para judeus
e outro para árabes palestinos. Começa a guerra entre os dois povos (1948).
1949: Israel vence guerra contra os árabes e passa a
controlar 75% do território da Palestina. 800 mil árabes fogem.
1964: Criada a Organização para Libertação da
Palestina.
1967: Israel ataca o Egito, a Síria e a Jordânia na Guerra
dos Seis Dias e ocupa o Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, as Colinas de
Golã e a zona oriental de Jerusalém.
1977: O governo israelense estimula a instalação de colônias
nos territórios árabes ocupados.
1982: Israel devolve o Sinai para o Egito.