Químicos divulgam nota sobre a crise internacional

No documento, categoria elogia iniciativas do governo federal, critica omissão do governo estadual e de algumas empresas e garante que os trabalhadores vão lutar contra demissões e medidas como redução de jornada com redução de salário

Nota pública sobre a crise internacional
 

Companheiros(as)
 
Reunida no último dia 22 de janeiro, a diretoria do Sindicato dos Químicos do ABC discutiu a atual situação e decidiu manifestar publicamente sua posição sobre a crise internacional, de forma a evitar a divulgação de informações incorretas a respeito das consequências da crise no setor químico na região do ABC e deixar claro a atuação da entidade diante de eventuais propostas de empresas em relação aos direitos dos trabalhadores(as).
 
O Sindicato dos Químicos do ABC representa cerca de 40 mil trabalhadores de aproximadamente 900 empresas da região do ABC paulista, dos setores Petroquímico, Resinas Sintéticas, Químico para fins industriais, transformação plástica, farmacêutico, Cosméticos, Tintas e Vernizes, Armas e Munições, entre outras.
 
Segue a íntegra da nota:
 
Reunida em Santo André no dia 22 de janeiro de 2009, a
Diretoria do Sindicato examinou cuidadosamente os possíveis efeitos da crise
econômica internacional sobre a produção industrial no setor, na região, concluindo pelo que segue:
1- O Sindicato considera positivas as medidas adotadas pelo governo federal
destinadas a proteger o emprego e o crescimento da economia, garantindo a
valorização do Salário Mínimo, aumentando a oferta de crédito para o
mercado, mantendo o nível de investimento do PAC, diminuindo a alíquota do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis, ampliando o
prazo para recolhimento de impostos pelas empresas, mantendo e ampliando
os programas sociais, estimulando o consumo responsável do cidadão e
procurando afastar a sensação de crise que pode levar à contenção do
consumo, entre outras que ainda estão para serem implementadas;
2- O Sindicato lamenta, entretanto, a omissão e a falta de iniciativa do governo do Estado, detentor de importante parcela dos tributos que incidem diretamente
sobre a produção industrial e o consumo do cidadão, como é o caso do ICMS e
do IPVA;
3- Entende que essa postura reflete e reforça o caráter conservador e
irresponsável de parcela das elites industriais paulistas que aportaram ganhos
importantes durante longo período de crescimento, e que agora, ao primeiro
sinal de desaceleração econômica, procuram restringir as constrições e perdas
aos trabalhadores e suas famílias;
4- O Sindicato dos Químicos do ABC tem a convicção de que a melhor saída para uma situação de crise como essa é evitar a dispersão de propósitos e a
deflagração de iniciativas desagregadoras, devendo, pelo contrário, o conjunto
dos atores sociais focar uma direção única, que preserve o rumo do
crescimento e do desenvolvimento sustentável que vimos alcançando nos
últimos anos, com redução da pobreza, elevação da renda e aumento do nível
do emprego;
5- Os dados de que dispõe o Sindicato demonstram a circunscrição dos efeitos da crise internacional a determinadas empresas da categoria, intrinsecamente
vinculadas a algumas empresas do setor automotivo;
6- As demissões havidas até o momento nas indústrias do ramo químico na região relacionam-se mais a elementos próprios da sazonalidade de alguns setores do que a eventos decorrentes da crise internacional;
7- Sensível a essa realidade e coerente com essa constatação a Diretoria do
Sindicato resolveu analisar cada situação de maneira particular e sem
generalizações, priorizando o encontro de soluções que valorizem o sentido e a
responsabilidade da empresa frente à comunidade;
8- Assim, repudiamos veementemente a abordagem liberal que apregoa a
desregulamentação como solução para as dificuldades frente à crise
internacional, até porque é evidente o fato de que dessa receita falida se
originou a própria crise que ora derrete o sistema financeiro internacional;
9- Com muita ênfase e convicção, apoiamos e reiteramos as decisões e diretrizes emanadas da Central Única dos Trabalhadores – CUT, que rejeitam o caminho da recessão, do desemprego e da supressão de direitos e mobilizam os
trabalhadores para defender os seus empregos, os seus salários e os meios de
sustentação digna de suas famílias;
10-Não economizaremos esforços para barrar os oportunistas de momento, ao
tempo em que procuraremos as entidades representativas dos empregadores
do ramo e o Governo do Estado de São Paulo para propor medidas concretas
como redução da jornada de trabalho sem redução de salário, contenção de
demissões imotivadas e a redução efetiva do ICMS para os setores de resinas
sintéticas e de transformação plástica.
Santo André, 23 de janeiro de 2009.
Diretoria do Sindicato dos Químicos do ABC