R$ 40 milhões no caixa dois do PSDB e PFL

Investigação da Polícia Federal mostra um esquema de caixa dois que teria distribuído cerca de R$ 40 milhões a 156 políticos da base do então presidente FHC. Os envolvidos são, principalmente, do PSDB e do PFL, incluindo Serra e Alckmin.

O dinheiro teria saído de 88 empresas ligadas a Furnas. Como não envolve a base aliada do atual governo, os dois partidos passaram a desqualificar a lista dos envolvidos e a investigação.

Caixa dois de PSDB e PFL teria movimentado R$ 40 milhões

A Polícia Federal está investigando um suposto esquema de caixa dois durante a campanha de 2002, que teria distribuído cerca de R$ 40 milhões a 156 políticos da base do então presidente FHC, principalmente do PSDB e PFL.

Esse esquema seria comandado por Dimas Fabiano Toledo, que na época ocupava diretoria da estatal Furnas Centrais Elétricas por indicação do governador mineiro Aécio Neves.

Dimas é tido como arrecadador de fundos financeiros de eleições e foi exonerado depois de ser apontado como organizador desse esquema.

As investigações da Polícia Federal se baseiam em documento com assinatura do próprio Dimas, cuja autenticidade já foi reconhecida pela Polícia Federal

O documento mostra que as doações vieram de 88 empresas entre clientes e fornecedores de Furnas. Entre os doadores também estão empresas estatais e fundos de pensão.

A Polícia Federal começou as investigações a partir do recebimento desse documento, que há meses circula na internete.

Entre os beneficiados com repasses estão caciques do PSDB como José Serra, que teria recebido R$ 7 milhões para a campanha a presidente; o governador Alckmin, que teria embolsado R$ 9,3 milhões; e o governador mineiro Aécio Neves que teria recebido R$ 5,5 milhões.

De acordo com o documento, 24 candidatos a deputado por São Paulo teriam recebido R$ 2,2 milhões, entre eles Alberto Goldman e Zulaiê Cobra.

PT quer investigação séria

O líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana, defendeu uma investigação séria, profunda e criteriosa sobre o suposto esquema de caixa dois em Furnas durante o governo FHC. “Há indícios fortes que devem ser investigados”, lembrou.

Ele criticou Serra e Alckmin, que tentam desqualificar o documento. “Eles querem sair da posição de acusados para se tornarem juízes. Mas, a definição sobre a autenticidade do documento cabe à Polícia Federal”, comentou.

Para Fontana, talvez o caso Furnas seja uma boa lição para que os tucanos parem de condenar o governo Lula sem provas.

Ele lembrou que uma prática do PSDB e do PFL é querer tranformar em condenações as denúncias contra Lula e o PT, mesmo sem haver investigações.

Documento seria garantia

Por que Dimas faria um relatório completo do esquema de caixa dois, com sua assinatura e em papel trimbado de Furnas?

A versão é que ele fez isso para se proteger, pois teria informações de que seria incriminado pelas acusações que provocaram sua demissão.

Com um relatório completo de nomes e cifras dos políticos beneficiados pelo esquema, ele se protegeria das denúncias.

Para garantir a veracidade da assinatura, reconheceu firma em cartório do Rio.