Raça e ciência
Rafael Kenski*
Novas pesquisas nas ciências humanas e biológicas mudam o conceito de raça e mostram os estragos que o racismo provocou na sociedade.
Finalmente os cientistas estão prontos para responder algumas das perguntas mais incômodas a respeito de nós mesmos.
Do ponto de vista da evolução humana, poucas coisas mudaram nos últimos cem mil anos. Naquela época, os primeiros seres humanos surgiram na África e começavam a se espalhar por outros continentes.
Eles eram praticamente idênticos aos mais de seis bilhões de pessoas que habitam hoje o planeta.
De lá para cá, os últimos retoques que a nossa espécie sofreu foram pequenas adaptações aos diferentes ambientes – mudanças exteriores para lidar melhor com lugares mais frios, secos ou com ventos mais fortes.
O lado triste dessa incrível capacidade de adaptação é que as diferenças físicas foram usadas para avaliar pessoas à primeira vista e atribuir-lhes qualidades e defeitos.
Milhões foram escravizados, mortos ou discriminados por causa da aparência física.
Por que só agora os cientistas começam a entender as diferenças entre os seres humanos? Tanta demora para tratar do assunto tem um motivo. As primeiras tentativas científicas de analisar as raças humanas levaram quase sempre à conclusão de que algumas eram mais inteligentes e criativas – ou seja superiores – às outras.
Os resultados foram as tentativas de criar uma raça “pura” e as ideologias que levaram a inúmeros genocídios.
*Reprodução parcial do texto Vencendo na Raça, publicado na Revista SuperInteressante on line, de 3 de maio
Departamento de Formação