Rafael debate futuro do ABC em Brasília
Em entrevista exclusiva à Tribuna, o presidente do Sindicato, Rafael Marques, revela como foi sua primeira reunião do ano em Brasília e os assuntos estratégicos definidos.
Em reunião mantida com o governo federal na última quarta-feira (22), o presidente do Sindicato, Rafael Marques, tratou de quatro temas fundamentais para manter o ABC como o maior e mais importante polo da cadeia automotiva do Brasil.
Em entrevista exclusiva à Tribuna, o presidente contou como foi o encontro no Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, o MDIC, em Brasília.
Tribuna Metalúrgica – Qual o assunto da primeira reunião do ano com o governo federal?
Rafael Marques – Foram tratados quatro assuntos estratégicos para a região. A efetivação do Centro de Desenvolvimento Avançado em Ferramentaria do Brasil, a criação do centro de testes automotivos, o estudo da cadeia produtiva das autopeças para fortalecer o APL, o Arranjo Produtivo Local do setor, e o Pronatec para a Cadeia Produtiva Automotiva no ABC.
TM – O que é necessário para viabilizar o Centro de ferramentaria?
RM – Após a criação do Centro, é preciso investimentos de R$ 12 milhões para a aquisição de softwares, um supercomputador, bolsas universitárias e custeio.
TM – O que irá representar para o setor?
RM – Hoje, a participação das ferramentarias no Brasil em novos projetos é de 22%. O objetivo é que esse percentual atinja os 54%, em 2017. Estamos perdendo muito sem o Centro.
TM – Você pode dar um exemplo?
RM – Um bom exemplo é o da Karmann Ghia, que está fabricando o ferramental para a Honda, mas o projeto não foi desenvolvido por engenheiros do Brasil, já veio pronto da montadora japonesa.
TM – O que essa mudança significaria para a indústria brasileira?
RM – Para dar uma ideia do que estamos falando, uma encomenda de ferramental, feita por uma empresa no Brasil, leva em torno de 140 dias para ser atendida, enquanto na Ásia esse período é de 30 dias. Precisamos reduzir esse tempo para sermos competitivos e, é claro, aperfeiçoar nossa indústria, deixá-la mais robusta, ampliando a inteligência dos projetos.
TM – E o Centro de Testes de Impacto Automotivo no ABC?
RM – Esse é outro ponto que estamos reivindicando junto ao governo federal porque temos o projeto do Instituto Mauá e, mais que isso, o ABC já é o maior e mais importante polo da indústria automotiva do País. A região tem cinco montadoras e o Centro de Testes poderia aferir a qualidade dos veículos produzidos por elas, o que atualmente é realizada em outros países.
TM – E o estudo da cadeia produtiva de autopeças, o que é isso?
RM – É um programa do Ministério, com o Sebrae e o Finep para traçar um diagnóstico da cadeia de autopeças e terá como empresa âncora a Arteb, em São Bernardo. Esse estudo é importante para dar suporte ao APL de Autopeças, que tem a participação do Sindicato.
TM – E o que isso representa para a região?
RM – Temos que lembrar que as montadoras também querem constituir polos de autopeças próximos às suas novas plantas espalhadas pelo Brasil, além disso, o setor ainda tem uma batalha fortíssima de concorrência com os importados. Se não fizermos algo para diminuir esses impactos, o ABC pode estar comprometido. Temos essa visão que a região tem sempre que se reinventar.
TM – É por essa razão que o Sindicato poderá sediar o Pronatec para a Cadeia Produtiva Automotiva no ABC?
RM – Exatamente. O papel do Sindicato é formador, prova disso é a Escola Livre para Formação Integral ‘Dona Lindu’, inaugurada no ano passado por nós, com a presença do ex-presidente Lula. Se conseguirmos qualificar os trabalhadores para assumirem os postos de trabalho do futuro, daremos um passo importante para que continuemos o maior e mais importante polo automotivo do Brasil.
Da Redação