Rebelião na OMC: Como sempre, ricos não abrem mão de nada

Pelo menos 140 milhões de pessoas continuarão vivendo na pobreza em países subdesenvolvidos porque os países ricos insistiram em não abrir mão de nada. Esse é o resultado imediato do fracasso da 5ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), encerrada domingo em Cancún, no México.

Estados Unidos, Europa e Japão não aceitaram reduzir um pouco as barreiras para a entrada de produtos agrícolas dos países subdesenvolvidos. Como sempre, os países ricos tentaram impor seus interesses sobre os pobres que, pelo menos desta vez, se rebelaram, comandados pelo Brasil.

>> Fracasso e proteção

O País fez bonito em Cancún ao comandar a formação do Grupo dos 21. Trata-se da união de nações em desenvolvimento como o próprio Brasil, Índia, China e outras que somam 50% da população mundial e 65% dos agricultores. São responsáveis, também, por cerca de 80% do que o campo produz no mundo.

Usando a força destes números, o G-21 conseguiu quebrar a unidade dos EUA e Europa que estavam preparados para aumentar ainda mais suas vantagens na agricultura (veja no quadro). Brasil e aliados queriam abaixar incentivos e subsídios de R$ 1,2 trilhões que americanos e europeus darão a seus agricultores em 2003. Por conta desta ajuda, só o Brasil pagará R$ 13,5 bilhões este ano para entrar nestes mercados.