Recessão aumenta a pobreza na Itália
Milhões de italianos não conseguem mais pagar a calefação dos seus lares nem comer carne. O número de pessoas consideradas gravemente carentes dobrou nos últimos dois anos, num reflexo da recessão e do desemprego que assolam o país, segundo relatório anual do Instituto Nacional de Estatística (Istat).
A Itália é o país europeu onde maior parcela de jovens não estuda nem trabalha (23,9%), segundo o relatório. No sul, região mais pobre do país, um em cada três italianos de 15 a 29 anos se enquadra nesse grupo.
O número de pessoas vivendo em famílias consideradas seriamente carentes dobrou nos últimos dois anos, chegando a 8,6 milhões, 14% da população.
Famílias que se enquadram em mais de quatro entre nove indicadores de pobreza são consideradas seriamente carentes. Isso inclui não poder pagar a calefação, o que atingiu um quinto das pessoas em 2012, o dobro do que era em 2010.
O porcentual de italianos em famílias que não têm condições de fazer uma refeição rica em proteínas (como carne) a cada dois dias subiu de 6,7% em 2010 para 16,6%. Mais de 50% foram incapazes de viajar por pelo menos uma semana nas férias no último ano, disse o Istat.
Cerca de 14,9 milhões de pessoas, ou um quarto dos 61 milhões de italianos, vivem em famílias que preenchem três dos critérios de pobreza do Istat. Só 57,6% dos jovens formados nos últimos três anos estão empregados, o que é abaixo da média europeia, de 77,2%.
O poder de compra dos italianos caiu 4,8% em 2012, um declínio causado por agressivos aumentos de impostos destinados a fortalecer as finanças públicas, e após quatro anos de reduções menores. O índice de poupança dos italianos, tradicionalmente alto, já está abaixo da França e Alemanha.
Empregos
Ainda ontem, o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, ressaltou que os empregos importam mais que a renda neste momento, na Itália e em outros países europeus. Ele elogiou o fato de a maior parte da reunião de cúpula da União Europeia, em junho, destinada à discussão de questões tributárias e de energia, será tomada pelo desemprego entre jovens. Serão discutidas as altas taxas de desemprego entre os que têm menos de 30 anos.
Letta disse que a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, propôs reunião em julho entre ministros do Trabalho da Europa para discutir o assunto.
Do Estado de São Paulo