Recuperação econômica vai acelerar, dizem especialistas

A reação mais acelerada será resultado das medidas de incentivo do governo ao consumo interno e dos bons sinais da economia. Mesmo assim, não será suficiente para compensar a queda do início do ano

A indústria deverá se recuperar mais rapidamente nos próximos meses, mas será inevitável uma queda significativa na produção no resultado de 2009, segundo especialistas. Para o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rogério Souza “há sinais mais consistentes de que os ajustes na indústria foram realizados” e é possível esperar “resultados mais robustos” de crescimento mês a mês no segundo semestre deste ano.

A reação mais acelerada, diz Souza, será resultado das medidas de incentivo do governo ao consumo interno e dos bons sinais da economia, como o equilíbrio das contas externas e a inflação “bem controlada”. Outro fator, segundo Souza, é alguma recuperação da demanda internacional, com forte influência da acelerada reação da economia chinesa.

Ele avalia que em maio o desempenho industrial foi muito parecido com o de abril, mas “esse é um resultado que pode ser considerado positivo, pois significa que o setor mantém uma trajetória de melhora”. Souza diz, porém, que será inevitável “uma queda histórica, importante” na produção industrial no acumulado de 2009, “em torno de 5% ou até mais”.

Segundo ele, a queda no resultado em 12 meses até maio (5,1%) mostra que os dados acumulados do setor pioram muito cada vez em que sai da conta do período um bom mês de 2008 e entra um mês, com reflexos da crise, de 2009. O último relatório Focus do Banco Central, divulgado no início da semana com a média das projeções do mercado financeiro, aponta uma queda de 5% na produção da indústria este ano, em comparação a 2008.

ESTOQUES
A analista da Tendências Consultoria, Ariadne Vitoriano, avalia que a reação da produção industrial em maio em relação ao mês anterior deve prosseguir nos próximos meses e reflete especialmente “a recuperação da demanda interna e do esgotamento do ajuste de estoques”.

CONSUMO
Segundo Ariadne, a expectativa é que, daqui para frente, a recuperação do setor mostre “altas mais expressivas” e a indústria seja mais beneficiada “pelos incentivos do governo e também pelo afrouxamento da política monetária”. No entanto, ela prevê uma queda de 7,5% para a produção do setor em 2009.

A analista destaca também a importância do desempenho dos bens de consumo na lenta recuperação em curso. Ela lembra que, além do bom desempenho de segmentos como eletrodomésticos e automóveis, que são parte da categoria de bens duráveis, a indústria farmacêutica continua crescendo aceleradamente.

Incluída na categoria de bens semi e não duráveis (vinculados à renda e que incluem também alimentos e bebidas), a atividade farmacêutica teve alta de 9,7% na produção em maio em relação a abril e apresentou o maior impacto positivo para a indústria em geral nessa base de comparação.

Da Agência Estado