Redução de jornada sem redução de salário, bandeira histórica do Sindicato, continua em discussão no Legislativo em 2025

Metalúrgicos do ABC destacam que medida traz qualidade de vida aos trabalhadores, além de crescimento e desenvolvimento econômico ao país

Fotos: Adonis Guerra

A reivindicação histórica da classe trabalhadora pela redução das jornadas de trabalho sem redução de salários segue como uma das fortes bandeiras de luta dos Metalúrgicos do ABC em 2025. Desde novembro passado, o Sindicato está alerta ao amplo debate sobre o fim da escala 6 por 1 (seis dias trabalhados e um de descanso semanal) em todo o país. O presidente da entidade, Moisés Selerges, destaca que a medida é importante por vários fatores.

“Traz melhor qualidade de vida ao trabalhador, com tempo livre para se qualificar profissionalmente, passar mais tempo com a família e cuidar da própria saúde. E, de maneira essencial, o crescimento e o desenvolvimento econômico do Brasil. Outros países já estão colhendo bons frutos com essa mudança e nós podemos alcançar resultados positivos também”, disse o dirigente.

O fim da escala 6 por 1 foi um dos assuntos que mais movimentou as redes sociais no segundo semestre de 2024. Na ocasião, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), de maio de 2024, apresentou o fim da escala e a adoção de uma jornada de 36 horas semanais, dividida em quatro dias. Outra proposta em tramitação mais antiga é a PEC de 2015 de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), que se encontra na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). O tema deve continuar sendo alvo de discussões no âmbito do Legislativo ao longo de 2025.

“Essa é uma questão de justiça. As empresas falam tanto em competitividade, mas em alguns lugares do país a jornada é 40 horas e em outros são 44. Elas têm que igualar o jogo”, afirmou Moisés. “Ou seja, fazer a mesma jornada, pagar salários semelhantes para os trabalhadores”.

Luta histórica

Moisés lembrou que a jornada no país já foi, inclusive, maior. Antes da Constituição de 1988, a jornada máxima era de 48 horas semanais. A partir de muitas lutas dos trabalhadores, foi possível diminuir para 44, mas mantendo os seis dias úteis de trabalho por semana. “Empresários também afirmavam que a economia seria muito afetada, o que não ocorreu”.

Na base dos Metalúrgicos do ABC, ela eclodiu com a Campanha Salarial de 1985 a partir de um alto volume de greves. Na ocasião, a própria conjuntura tornava esta reivindicação como uma questão estratégica, em função da profunda recessão, do desemprego estrutural e do processo de inovação tecnológica e automação das empresas. “‘Trabalhar menos, para trabalharem todos e viver melhor’ já era a nossa reivindicação há 40 anos, que começou a se concretizar a partir da capacidade de luta e a garra da categoria metalúrgica”.

“Essa é uma luta árdua, mas necessária e não é de estranhar porque o Brasil viveu mais de 300 anos de escravidão. Toda vez que se fala em beneficiar os trabalhadores, tem uma reação contrária, já que as raízes da exploração da força de trabalho no país estão profundamente ligadas ao passado escravocrata. É necessário romper com isso”, concluiu o presidente.