Reforma Agrária: Latifundiários se armam para conflito
Fazendeiros estão contratando
empresas de segurança
para assumirem o papel de
polícia e desocuparem terras
no Paraná. Jagunços são contratados
a R$ 50 por dia em
Pernambuco para proteger
usinas de açúcar. No Pará, milícias
armadas montam guarda
na entrada de fazendas.
Apenas na semana passada,
o acirramento da violência
dos fazendeiros causou
três mortes. O maior
conflito foi em Cascavel, no
Paraná, onde 40 pistoleiros,
sob a fachada da empresa
NF Segurança, invadiram um
acampamento de sem-terra
no Paraná e executaram a
queima-roupa Valmir Mota
de Oliveira, o Keno, de 34
anos. Eles deixaram feridos
outros cinco agricultores e
acabaram matando também
um dos seus. Em 2006, foram
registrados 76 conflitos
por terra no Paraná.
Causa – Os sem-terra ocuparam
uma fazenda da Syngenta,
transnacional especializada
em experimentos com
alimentos transgênicos. A
propriedade foi desocupada
pelo governador do Paraná,
Roberto Requião, para dar
lugar ao centro de pesquisas
agroecológicas.
Como Requião recusou
cumprir o mandato de reintegração
de posse determinado
pela Justiça, agora é
processado pelas entidades
ruralistas do Estado.
Estas organizações proliferam
no Paraná com os
nomes de União Democrática
Ruralista (UDR), Primeiro
Comando Rural (PCR),
Sociedade Rural do Oeste
(SRO), Movimento dos
Produtores Rurais (MPR)
e outras. Todas formaram
grupos paramilitares armados
para assassinar camponeses
e desmobilizar a luta
dos movimentos sociais.
Terceirização da bandidagem
A NF Segurança, do Paraná,
é investigada pela Polícia
Federal (PF) por sua atuação
na ação de despejo em Lindoeste,
em abril, quando atendeu
pedido da SRO e tirou 120
sem-terras à força do local.
Para a PF, o uso de empresas
privadas para realizar
os despejos permite que o
mandante da ação criminosa
jogue a responsabilidade nos
seguranças e, assim, se exima
de responder pelo crime.
Em Pernambuco também
há casos de milícias
ilegais, composta por jagunços
que cobram até R$ 50
por dia.
No Pontal do Paranapanema,
em São Paulo,os
fazendeiros mantêm seguranças
prontos para agir
em casos de ocupação de
terras.