Reforma sindical: Governo garante que vai mudar modelo

O governo federal considera o modelo sindical brasileiro completamente falido. Por isso, promove os debates entre trabalhadores, o próprio governo e empresários no Fórum Nacional do Trabalho (FNT) e espera que destas discussões surja um projeto unitário de reforma sindical para o Congresso Nacional votar.

Mas já avisa: se não houver consenso, o governo encaminhará o seu projeto ao parlamento. Depois, vence quem tiver maior poder de pressão com deputados e senadores.

O recado foi dado pelo secretário do Trabalho do Ministério do Trabalho e coordenador da FNT, Oswaldo Bargas, durante debate realizado na sede dos Químicos do ABC, em Santo André.

>> 600 por dia

“Chegamos ao governo mas o modelo de organização sindical brasileiro está intacto. Não era essa nossa intenção quando fundamos a Central Única dos Trabalhadores, há 20 anos, justamente para mudar a estrutura sindical do País. Por isto, está na hora de colocarmos em discussão as propostas da CUT de liberdade e autonomia sindical”, afirmou Bargas, ex-diretor do Sindicato, perante uma platéia formada em sua maioria por dirigentes sindicais do ABC.

Ele lembrou que os avanços conquistados pela Constituição de 1988 permitiram que o número de sindicatos no Brasil saltasse de cinco mil para 18 mil e, hoje, ele recebe cerca de 600 pedidos de abertura de novas entidades por mês.

Só que, infelizmente, a imensa maioria das solicitações parte de sindicatos sem representatividade ou conhecimento dos verdadeiros problemas das bases que dizem representar.

“Os estatutos trazem absurdos como mandatos de dez anos, expulsão para quem se colocar contra as decisões da diretoria ou acordos que fazem o trabalhador receber menos que o salário mínimo porque a diferença vai para o sindicato”, contou Bargas.