Reforma Trabalhista completa 4 anos com mais desemprego e pobreza
Mudança na legislação não retomou a economia, conforme prometido, mas gerou mais informalidade. Não contente, Paulo Guedes tenta empurrar goela abaixo nova retirada de direitos
A reforma Trabalhista, aprovada no governo Temer, em 2017, completou quatro anos de vigência neste mês. Ao contrário do que prometia, não gerou empregos ou melhorou a economia do país. Os Metalúrgicos do ABC debateram o tema em live na última terça-feira, 23, com a economista e coordenadora de Pesquisas e Tecnologia do Dieese, Patrícia Pelatieri.
A convidada abriu sua participação endossando que a reforma também é sindical, já que afetou fortemente as entidades de representação dos trabalhadores. Ela destacou que o período de pandemia no Brasil foi ainda pior em função dessas decisões capitaneadas pelos partidos de direita.
“É muito importante não deixarmos que esse tema se perca. Vivemos esse período de pandemia de uma forma muito mais contundente e difícil em razão das opções políticas que foram tomadas lá atrás, e a reforma trabalhista e sindical é um dos elementos que nos enfraqueceu para enfrentar esse momento tão dramático”.
O secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges, que conduziu a conversa, lembrou as promessas feitas à época. “Lembro que prometeram um mundo maravilhoso para os trabalhadores. Temer, que foi um dos fiadores do golpe contra a presidenta Dilma, falava até sobre uma ponte para o futuro, falava de milhões e milhões de empregos com a tal da reforma trabalhista”.
Patrícia completou ressaltando que para os apoiadores daquele governo a mudança na legislação era sinônimo de prosperidade. “Diziam que a reforma estava nos colocando no século 21, no século de prosperidade, que ia gerar empregos e segurança. Passados dois anos, tirando o período pandêmico, até último trimestre 2019 nada do que foi prometido se concretizou, pelo contrário. É uma enorme mentira todo aquele discurso, não gerou empregos, não gerou segurança, não melhorou a renda, não melhorou a vida das pessoas, não colocou o país no século 21 e não retomou a economia”.
Muito mais pobres
A economista destacou que de 2017 a 2019 o Brasil teve um crescimento pouco superior a 1%, o que significa que no final de 2019 estava ainda muito longe da realidade de 2014. “Estamos mais pobres do que em 2014, mas muito mais pobres. Se não conseguimos retomar nem os patamares de 2014, quem dirá retomar a economia do país”.
Depois da queda, o coice
O secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC lembrou ainda que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenta a todo custo implementar agora a minirreforma trabalhista para tirar ainda mais direito dos trabalhadores.
“Não adianta ficarmos só lamentando, precisamos nos organizar e mudar isso. Se não nos mobilizarmos, nada muda. É necessário lutar para ter um país melhor, não só para nós, mas para os nossos filhos, para as próximas gerações”.
O dirigente reforçou o chamado à categoria e a toda a população, citando um trecho da música “Bandeira de fé” de Martinho da Vila: “Vamos nos unir que eu sei que há jeito/E mostrar que nós temos direito/ Senão um dia/Por qualquer pretexto/ Nos botam cabresto e nos dão ração”.
Reforma em números
Desemprego
Em 2014 o Brasil tinha uma população desocupada de 6.9 milhões de pessoas, já no final de 2019 eram mais de 12 milhões de desempregados.
De 2017 para 2021, o total de desempregados subiu de 12,3 milhões para 14,1 milhões.
Informalidade
No trimestre encerrado em outubro de 2017, antes das novas regras, a taxa de informalidade era de 40,5%. Entre maio e julho de 2021, a proporção de pessoas ocupadas trabalhando na informalidade ficou em 40,8%.