Região tem 16 mil famílias em áreas de risco

Moradores vivem em 126 locais sujeitos a desmoronamentos e alagamentos

Mais de 16 mil famílias do ABCD moram em 126 áreas de risco, sujeitas a deslizamentos ou inundações. Santo André possui o maior número de famílias (2.377) e São Bernardo, a maior quantidade de locais (58) monitorados pela Defesa Civil. No início desta semana, um deslizamento no morro do Macuco, no Jardim Zaíra 6, em Mauá, deixou duas vítimas fatais e outras duas com ferimentos leves.

Na manhã de quinta-feira (06/01), os moradores que tiveram casas interditadas voltaram ao local do acidente. “Moro há dez anos no bairro e nunca passei por uma situaçao dessas. É triste ter de deixar o local onde moro e nao descarto voltar para cá quando tudo isso passar”, disse o jardineiro Nilton Fernandes dos Santos.

Nas paredes de alguns dos imóveis interditados pela Defesa Civil do município, os lacres nas janelas contrastavam com pichações de protesto: “Vamos dar casa para o povo”. Mauá foi colocada em estado de alerta por conta do ocorrido nessa semana.

“Nao temos para onde ir. Estou em situação desoladora”, lamentou a dona de casa Maria de Fátima da Silva. De acordo com a Defesa Civil do Estado, até o momento, 160 famílias estao desabrigadas na Região.

No início da tarde desta quinta-feira duas casas que estavam na base do morro do Macuco foram demolidas pela Defesa Civil. A expectativa é que nesta sexta-feira (07/01) outros imóveis sejam reanalisados e demolidos.

“Infelizmente essa é uma tragédia anunciada”, destacou o professor de Engenharia Civil e Urbanística da FEI (Fundaçao Educacional Inaciana), Luiz Sérgio Coelho. “Houve crescimento desordenado das cidades com ocupaçoes de áreas irregulares, como várzeas de rios e córregos, e encostas de morros. Os rios transbordam porque buscam suas várzeas”, explicou.

Monitoramento
Em São Bernardo, a Defesa Civil monitora 58 áreas de risco, divididas em 183 setores, em grau médio, alto ou muito alto. Esses locais estão situados nas regiões do Montanhão, Cooperativa, Centro, Alvarenga, Batistini, Riacho Grande e Rudge Ramos. Hoje, 2.377 famílias moram em regiões de risco de graus variados, mas nenhuma em áreas classificadas como de risco iminente.

Para minimizar o problema, o Plano Municipal de Redução de Riscos lista série de medidas e ações para prevenir acidentes no período de chuvas. Entre janeiro a abril do ano passado, foram removidas 1.262 famílias que viviam sob risco de deslizamento.

Nas 42 áreas de risco de Santo André, sendo 23 por inundações e 19 por deslizamentos, vivem 11.712 famílias. Os bairros mais afetados sao Recreio da Borda do Campo, Jardim Santo André e Jardim Irene, que contam com monitoramento devido aos riscos geológicos.

Para se aproximar das comunidades, a Defesa Civil de Santo André desenvolve trabalho por meio de Nudecs (Núcleos de Defesa Civil) em 15 bairros. O trabalho é realizado por colaboradores treinados desde primeiros socorros e prevenção de acidentes domésticos até ação nos casos de enchentes, deslizamentos e incendios.

As 1.400 famílias sob risco em Diadema estão concentradas em 15 áreas do município, como o Núcleo Yambere, Beira Rio, Bom Sucesso, Pau do Café, Iguassu e Fazendinha. A Prefeitura, em parceria com o governo federal, prevê o atendimento de cerca de 6.000 famílias em situação de precariedade nos programas PAC e Minha Casa, Minha Vida. Também estão em processo de implantação 15 Nudecs em áreas com potencial de risco.

Apesar de não possuir locais com risco de deslizamentos, 1.300 moradores de São Caetano sofrem com as enchentes dos bairros Nova Gerty, Mauá, Jardim São Caetano, Vila São José, Centro, Fundação, Prosperidade e Santo Antonio. Desde 2005, a Prefeitura investiu R$ 30 milhões em ações de combate a enchentes.

Em Ribeirão Pires, 200 famílias estão sob risco nos bairros Jardim Verão, Jardim Iramaia e Quarta Divisão.

Do ABCD Maior (Vladimir Ribeiro)