Renda desigual das mulheres persiste como´traço cultural´ da sociedade

Processos de seleção no trabalho passam pro crivos preconceituosos enraizados na cultura social

Boletim divulgado em março aponta que, apesar de estarem mais incluídas no mercado, mulheres ainda ganham cerca de 25% a menos que o homens

Estatísticas comprovam que mesmo quando as mulheres possuem mais tempo de estudos que os homens, ainda ganham menos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio das mulheres é de R$ 1.340 e o dos homens é de R$ 1.850. O boletim Mulher e Trabalho, divulgado em março pelo Dieese e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), revelou que apesar das mulheres terem aumentado sua participação no mercado de trabalho em 2012 – 56,1% delas estavam empregadas no ano passado – seu salário equivalia a 77% dos homens, por hora.

Para pesquisadores da área de gênero, a desigualdade salarial está ligada à cultura social que vê a mulher apenas como alguém que apenas contribui em parte com os recursos em casa, enquanto o homem ainda é considerado o principal provedor. “Mesmo quando as mulheres são vistas como pessoas de capacidade, são vistas como alguém que não necessita de tanto quanto os homens, porque ele é visto como provedor, do qual a família depende e a mulher é vista como complementadora”, afirma a filosofa e pesquisadora Dulce Magalhães.

De acordo com ela, atualmente 40% das famílias dependem do salário da mulher e cerca de 20% delas têm a mulher como principal provedora. Ela afirma que os processos de seleção no mercado de trabalham passam, muitas vezes, por crivos preconceituosos. “Entre duas pessoas com mesma qualificação, o homem terá preferência sobre a mulher, o mais jovem terá preferência sobre o mais velho, o mais magro vai ter preferência sobre o mais gordo. Estes processos de seleção da cultura acontecem de várias formas e a mulher perde muitas vezes, porque há preferência sistêmica pelo homem.”

A igualdade do mercado de trabalho faz parte da pauta de reivindicações da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “A medida que você vai inserindo as mulheres em cargos que são tidos como de homem, você também acaba elevando o cargo das mulheres. É preciso acabar com a ideia de que há funções definidas a serem preenchidas por mulheres, cargos que podem e outros não”, comenta a secretaria estadual da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, Sônia Auxiliadora.

 

Da Rede Brasil Atual