Renda do Trabalho influenciou na redução da desigualdade, diz Ipea

Brasil pode ter nível de desigualdade razoável em 20 anos, diz pesquisador. Renda dos mais pobres cresceu quase três vezes mais que dos mais ricos

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentou nesta quinta-feira (24) um estudo que analisa os números da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada. A pesquisa mostra que a redução da desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres foi provocada principalmente pelo crescimento da renda proveniente do trabalho entre 2007 e 2008.

Segundo o estudo, entre esses dois anos, “o comportamento da renda do trabalho não igual a um salário mínimo foi responsável por 75% da queda na desigualdade”. Na faixa de renda especificamente de um salário mínimo, a contribuição para uma renda per capita menos desigual foi de 16%.

Para o Ipea, os benefícios de prestação continuada e a renda proveniente do programa Bolsa Família contribuíram pouco para redução da desigualdade entre 2007 e 2008. Uma das explicações, segundo os pesquisadores, é que o Bolsa Família não incluiu novos beneficiários no ano passado, o que deve ocorrer neste ano.

Considerando o período entre 2001 e 2008, a redução da desigualdade foi proveniente em mais de 65% à renda do trabalho. Ou seja, a renda decorrente do capital e dos benefícios sociais do governo não foi preponderante na redução da diferença entre os mais ricos e os mais pobres.

Segundo o Ipea, entre 2001 e 2008, a renda familiar per capta de toda população cresceu, em média, 2,8% ao ano. Porém, entre os 10% mais pobres da população essa renda subiu cerca de 8,1% ao ano em média. Já entre os 10% mais ricos o ritmo médio do crescimento da renda foi de 1,4% em média. Ou seja, o crescimento da renda dos mais pobres foi mais de cinco vezes superior a dos mais ricos.

Mesmo nesse ritmo, segundo o pesquisador Ricardo Barros, o Brasil levará cerca de 20 anos para chegar a níveis “razoáveis” de desigualdade. “Porém, o nosso ritmo de redução da desigualdade tem sido muito bom”, analisou.

Pobreza

Segundo o Ipea, em 2008, a pobreza extrema foi reduzida à metade de seus valores de 2003. Essa redução fez com que o Brasil atingisse a meta estabelecida pelos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, da Organização das Nações Unidas (ONU), em cinco anos. Pelo cronograma mundial, essa meta era para ser atingida em 2015.

Ainda assim, a situação continua muito desigual entre pobres e ricos. Segundo o Ipea, a renda apropriada pelo 1% mais rico é igual a dos 45% mais pobres.Ou seja, o que um brasileiro pertencente ao 1% mais rico pode gastar em três dias equivale ao que um brasileiro nos 10% mais pobres levaria um ano para gastar.

Do G1