Renovação da frota: Negociações começam amanhã

O ministro do Planejamento, Guido Mantega, afirmou que o presidente Lula autorizou colocar em marcha o plano de renovação da frota de veículos ainda este ano. Os debates vão se basear no Plano de Sete Metas apresentado pelo Sindicato e vão começar no Fórum de Competitividade da Cadeia Automo-tiva, que será instalado amanhã, em Brasília.

Os principais pontos são para facilitar o acesso das famílias que ganham até 15 salários mínimos por mês ao veículo zero quilômetro, com financiamento limitado a até R$ 25 mil; redução de 3% no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e de 1% no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para todos os veículos, exceto os acima de 2.000 cilindradas; e redução média de 4,5% nos preços de todos os automóveis que será transferida diretamente aos preços cobrados do consumidor.

As medidas devem provocar o aumento da venda de 133 mil veículos leves e estima-se a procura de outros 328 mil enquanto durar o programa. A perda de 7% do IPI pelo governo e 3% de ICMS pelos Estados seria compensada pelo crescimento de 1,3% das receitas federais e 8,8% nas estaduais.

Caberá ao Fórum fixar metas de produção, exportação e emprego. Desta forma podem ser desovados os estoques de mais de 170 mil veículos que as montadoras alegam ter nos pátios.

O incentivo ao setor automotivo se justifica, de acordo com Mantega, pelo fato de ter um grande efeito multiplicador, gerando ainda empregos indiretos nas indústrias de vidros, borracha e autopeças, por exemplo.

>> Um Sindicato propositivo

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi a primeira entidade de trabalhadores a propor iniciativas em situações de crise. A primeira ocorreu com a Câmara Setorial, em 1992.

A idéia foi simples: governo e Estados diminuíram impostos e montadoras abaixaram os preços dos veículos. Com as medidas, as vendas aumentaram, mantendo os empregos na cadeia automotiva, aumento salarial, e recuperando os impostos abatidos.

No final de 1998, o Sindicato voltou à ação com a proposta de Renovação da Frota de Veículos. Só que as negociações estavam enroladas enquanto a indústria ia cada vez pior.

Assim o Sindicato fez nova proposta em 1999: o Plano Emergencial, em que foram reduzidos impostos e as montadoras deram descontos. O resultado foi, de novo, altamente positivo, e afastou o fantasma do facão no setor.

O presidente da entidade na ocasião, Luiz Marinho, insistiu na negociação da renovação com FHC, mas acabou desistindo dian-te da falta de vontade do ex-presidente.

Foi então que o Sindicato criou o plano de sete metas do setor automotivo e entregou a Lula, que incorporou a proposta no seu plano de governo.