Represa Billings completa 84 anos a espera de recuperação

Um dos maiores mananciais do mundo em área metropolitana, a Represa faz aniversário nesta sexta-feira (27) em claro sofrimento com todo tipo de agressão sofrida


A morte lenta da nossa represa

Produtos tóxicos encontrados em quantidade 100 vezes maiores que o permitido, perda de uma área de armazenamento igual a dois mil campos de futebol, 35% do seu entorno ocupados por 800 mil pessoas, 400 toneladas de lixo e dois bilhões de litros diários de esgoto.

Este quadro de horror assola a represa Billings, que completa 84 anos nesta sexta-feira (27). A represa, umas das poucas no mundo instaladas dentro de uma região metropolitana para abastecimento humano, espera há mais de 10 anos seu melhor presente, a aprovação da Lei Específica Billings. Enquanto a Assembléia Legislativa não a aprova, nosso manancial convive com toda sorte de agressões.

Poluentes
Estudo concluído pela USP, a pedido do Ministério Público, detectou que são despejados na Billings poluentes potencialmente tóxicos e cancerígenos em níveis 100 vezes acima do permitido pela legislação ambiental.

A análise encontrou níveis altos de substâncias como alumínio, que pode estar associado ao mal de Alzheimer, e cianetos, que podem causar danos ao sistema nervoso. O poluente mais preocupante, diz o relatório, é o chumbo.

Perda de área
Junto com a poluição, o assoreamento e a ocupação irregular das margens já retirou 240 milhões de metros cúbicos de água da Billings. Trata-se de uma queda de 20% na capacidade de armazenamento, volume suficiente para abastecer a cidade de São Paulo (12 milhões de habitantes) por até dois meses.

Se o processo não for revertido, a previsão é de que o reservatório perca seus braços e se limite apenas ao corpo central. Só no Alvarenga, em São Bernardo, 400 mil metros quadrados de superfície já desapareceram.

A Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, em Eldorado, Diadema, em outro exemplo, ficava às margens da represa há poucos anos. Hoje, a paróquia fica quase a mil metros do leito d’água.

Lei espera para ser votada

Assinada pelo governo estadual em setembro de 2008, o projeto de Lei Específica da Billings está na Assembléia Legislativa paulista. Ela determina o uso exclusivo das águas da represa para abastecimento e lazer, o que é um avanço para a preservação do manancial.

A lei pretende reduzir em 73% a descarga de esgotos ao determinar a regularização de moradias, a implementação de saneamento básico, preservação da cobertura vegetal e ampliação da fiscalização, em parceria entre o Estado e as cidades de Santo André, São Bernardo, São Paulo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.