Representantes na Volks visitam produção de etanol visando oportunidades para a indústria nacional

Discussão passa por desenvolvimento e inovação com motor híbrido flex a etanol utilizando as vocações do país

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Representantes dos Metalúrgicos do ABC na Volks e dos sindicatos nas plantas da montadora em Curitiba, Taubaté e São Carlos, além da diretoria da fábrica, conheceram o ciclo de produção do etanol na quinta e sexta-feira, dias 29 e 30 de julho, na Usina Cocal, em Narandiba, e no CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), em Piracicaba, interior de São Paulo.

Na usina, a delegação visitou a produção agrícola, a colheita mecanizada, a produção de açúcar, etanol e gás biometano. No CTC, conheceu o trabalho de pesquisa, desenvolvimento e inovação, único no Brasil, dedicado à cana de açúcar e sua cadeia de produção sucroalcooleira.

Representaram os Metalúrgicos do ABC o presidente, Wagner Santana, o Wagnão, o diretor Administrativo, Wellington Messias Damasceno, e o coordenador geral da representação na Volks Anchieta, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho.

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Oportunidades

Wagnão lembrou que a indústria automobilística está mudando por uma exigência ambiental e que várias montadoras, em diversos países, estão estabelecendo prazos para eliminação dos motores à combustão e projetando a eletrificação de carros e veículos.

Ele ressaltou o problema da desindustrialização, mas também destacou que o Brasil precisa aproveitar essa grande oportunidade de produção de etanol.

“O Brasil tem uma oportunidade nisso, é o que estamos discutindo. Existe uma preocupação com relação à desindustrialização do país que independe dessa discussão, mas também, acrescentado a esse problema, está a capacidade de o Brasil desenvolver sua própria indústria automobilística aproveitando os recursos que tem. O Brasil tem uma capacidade de produção de etanol que nenhum outro lugar do mundo tem”, destacou.

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Desemprego

O presidente do Sindicato ressaltou que o Brasil tem cerca de 130 mil metalúrgicos diretamente trabalhando nas montadoras. Somados aos que trabalham na cadeia produtiva, são aproximadamente 2 milhões, além dos mais de 900 mil trabalhadores ligados à produção do etanol.

“Ninguém ainda conseguiu nos convencer de que o carro elétrico vai usar a mesma quantidade de mão de obra que é exigida para fazer um carro com motor à combustão. Isso para nós é motivo de muita apreensão, nossa preocupação é com o emprego dessas pessoas”.

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Competitividade

“Além do desemprego, também queremos discutir como aproveitar nossa competitividade vendendo esses veículos em outros mercados como Índia e África, locais onde a eletrificação não vai chegar tão rápido, para que esses países não sejam simplesmente um refugo do que Europa, China e Estados Unidos não querem mais”. 

Falta infraestrutura

Wagnão avaliou ainda que haverá dificuldade com a rede de abastecimento. “Não consigo imaginar o próprio Brasil e os países da América Latina desenvolvendo toda uma infraestrutura para abastecer esses veículos de forma muito rápida, portanto, as pessoas correm o risco de não poder viajar com o carro elétrico por não ter lugar para abastecimento. São questões extremamente importantes e que para nós significam o futuro desses mais de 2 milhões de empregos”.

Futuro

Os principais objetivos da visita, segundo o diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, foram conhecer os avanços biotecnológicos que possibilitam melhorar a produtividade da cana no campo, além da integração entre trabalhadores, indústria, campo e academia para pensar o país a longo prazo.

A Volks fez uma apresentação sobre seus planos referentes à estratégia de eletrificação no Brasil.

“Entre eles, trazer para cá o centro de desenvolvimento de motor à combustão, desenvolver no Brasil um motor híbrido flex a etanol e, a partir disso, poder exportar a tecnologia para outros países”, detalhou o dirigente, que lembrou que tais medidas dependem de uma decisão no final deste ano na sede da Volks na Alemanha.

“Um terceiro passo, a longo prazo, seria o motor elétrico a célula de combustão a etanol, que incluiria parceiros, outras empresas, centros de desenvolvimento e pesquisa e universidades”, defendeu.

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Caminhos

“O Brasil não pode perder o bonde, se não discutirmos a transição no setor automotivo, no futuro não teremos indústrias e empregos na cadeia de produção a combustão nem em novos propulsores”, alertou Wellington.

“Precisamos pautar políticas públicas e a melhor forma é que seja de forma articulada. Cada montadora vai ter sua estratégia, mas o país precisa ter uma estratégia macro que direcione as tendências do mercado aqui”, concluiu.