Resistência ao sistema fabril

No artigo A reação ao sistema de fábricas, publicado na semana passada, fizemos uma abordagem dos primeiros movimentos operários contra o sistema fabril. Mostramos que esses movimentos não eram reacionários nem inconseqüentes. Além de quebrarem máquinas, os trabalhadores resistiam ao trabalho concentrado nas fábricas, onde perdiam a autonomia sobre o próprio serviço, que se tornava desqualificado e pior remunerado.

A resistência dos trabalhadores qualificados à disciplina fabril imposta pelo capital durou décadas. Para o capital, tratava-se de impor uma nova forma de controle sobre os trabalhadores, baseada não apenas na sua concentração em grandes unidades de produção, as fábricas. Tratava-se também de submetê-los a uma jornada regular de trabalho, a um rigoroso sistema disciplinar e a quantidades mínimas de produção.

Na Europa, os trabalhadores continuaram resistindo por meio de uma luta cotidiana e silenciosa ou por mobilizações e greves, contra a ostensiva vigilância sobre o seu trabalho, contra as medidas disciplinares aplicadas de forma abusiva e arbitrária, como multas e sanções. Essa resistência também se manifestou de outras formas, através de uma taxa elevada de absenteísmo, de uma crescente rotatividade no trabalho e da recusa dos trabalhadores à oferta de emprego nas fábricas.

Nos Estados Unidos, os trabalhadores se apoiaram num eficiente código de ética, que regulava o trabalho artesanal e qualificado, para resistirem ao sistema fabril. Eles se negavam a trabalhar na presença e sob a vigilância do dono da empresa ou de seus prepostos. Exigiam a demissão de capatazes impopulares. Reivindicavam normas para regular as demissões ou a suspensão temporária do trabalho. Reivindicavam ainda o reconhecimento do sindicato e de seus representantes no local de trabalho.

Para o capital, tratava-se de encontrar um meio mais eficaz de subordinar os trabalhadores. Este será o tema da próxima coluna.

Departamento de Formação