“Restrição ao crédito faz parte de jogo político dos bancos”, diz Wagnão
Wagner Santana, o Wagnão, secretário-geral do Sindicato
Na semana passada, o Banco Central, o BC, voltou a anunciar medidas para reaquecer a economia e estimular o crédito bancário. Ontem, o BC liberou mais R$ 25 bilhões, desta vez para o financiamento de carros novos.
O secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, analisa o papel dos bancos privados e seus reflexos na produção industrial brasileira.
Tribuna Metalúrgica – Os bancos privados estão dificultando o acesso ao crédito. O que está acontecendo?
Wagner Santana – O Sindicato, e até representantes da Anfavea, o sindicato das montadoras, já alertavam sobre essa postura dos bancos privados que, mesmo apresentando alta nos lucros do 1º trimestre deste ano e redução de inadimplência, reduziram suas provisões de crédito. (Saiba mais no quadro)
TM – Por que os bancos privados estão fazendo isso?
WS – Essa é uma postura conservadora dos bancos, que preferem destinar seus recursos para aplicações de mercado, em operações com baixo risco, na especulação financeira.
TM – O que isso afeta na produção industrial?
WS – Quando os bancos tomam esta atitude, restringem o crédito para o financiamento de veículos, o que reduz drasticamente as vendas e, consequentemente, a produção.
TM – Quais são as consequências para os trabalhadores?
WS – São os mais prejudicados. Com a restrição ao crédito e a baixa na produção, os empregos ficam ameaçados.
TM – Como reverter essa situação?
WS – O Banco Central e o governo federal têm sinalizado para ajudar a reaquecer a economia. Primeiro, o BC liberou R$ 30 bilhões dos créditos compulsórios dos bancos, diminuindo a reserva necessária para garantir o financiamento.
TM – E o que aconteceu?
WS – Em termos práticos, nada. Tanto é que o BC voltou a liberar, agora R$ 25 bilhões, para financiamentos específicos na aquisição de veículos novos.
TM – O que está por trás da restrição ao crédito?
WS – Isto faz parte de um jogo político, com clara intervenção dos bancos no processo eleitoral. Os bancos privados têm lado e interesses e essa postura de restringir o crédito é para beneficiar aqueles que estão alinhados politicamente com o sistema financeiro.
Da Redação