Resultado do ano será o melhor da história para o setor de Autopeças

A nova projeção é de crescimento de 10% no ano

A indústria de autopeças começa a perceber os primeiros sinais de redução no ritmo de crescimento verificado até setembro. Mesmo assim a visão dos participantes do
painel autopeças realizado durante o Seminário AutoData Setor Automotivo Perspectivas 2009 é de que o resultado do ano será o melhor da história, situação que garante a manutenção dos investimentos programados.

O presidente da Delphi, Gábor Deák, afirmou que as primeiras indicações surgiram no fechamento de agosto, ficaram mais evidentes em setembro e ganharam força em outubro. Ele esclareceu que se trata de redução no ritmo de expansão da produção na comparação com as estimativas iniciais: “Não é uma diminuição brusca, mas os volumes do fim do ano serão inferiores aos que vinham sendo consolidados nos períodos anteriores”.

A nova projeção é de crescimento de 10% no ano, o melhor da história da companhia no Brasil. Ressalva, no entanto, que nas revisões periodicamente feitas pelas demais fábricas da companhia localizadas no mundo, a única região que projeta volumes maiores em 2009 é a América do Sul. As demais, como América do Norte, Ásia e Europa, revisaram suas projeções para baixo: “A questão é saber se adiamos os efeitos da crise ou se passaremos sem maiores traumas”.

O conselheiro do Sindipeças e presidente da Usiparts, Flávio Del Soldato, reconheceu que ainda não houve mudança fundamental no volume de pedidos, mas admitiu que existam movimentos. Entretanto nada que justifique pânico. Tanto que até o momento o Sindipeças mantém sua projeção de produção de 3 milhões 450 mil veículos em 2008 e 3,6 milhões no próximo ano. A revisão do último trimestre ainda não foi concluída.

Destacou que o setor vive momento extraordinário, pois mesmo com o pior cenário em 2009, ele ainda será positivo. Ele se refere à possibilidade da atividade crescer de 3% a 5%, manter os mesmos números de 2008 ou cair de 3% a 5%.

O presidente da Magnetti Marelli, Virgílio Cerutti, acompanha a visão de que há redução no ritmo de crescimento, enquanto Besaliel Botelho, vice-presidente da Bosch, destacou ocorrer adequação dos estoques no mercado interno, mas nada atípico para um fim de ano. Em compensação acentuam-se perdas nas exportações, em especial para os Estados Unidos e Europa. Mesmo assim a Bosch fechará o ano com crescimento de 16% a 18% no Mercosul.

Todos foram unânimes em assegurar que apesar destes ajustes os investimentos para 2008 estão mantidos. A Magnetti Marelli abrirá sua fábrica em Hortolândia, SP, em novembro, além de sustentar os valores programados até 2010. A Bosch manterá o aporte de ? 47 milhões em 2008, a Usiminas, da qual a Usiparts faz parte, tem plano qüinqüenal de US$ 14 bilhões e a Delphi aplicará os US$ 60 milhões deste ano. Deák destacou: “O que foi iniciado será mantido. O que está por começar dependerá de como a crise evoluirá. Já os valores de 2009 estão em fase de revisão”.

A crise mundial, no entanto, também é vista como oportunidade para crescer. Del Soldato destacou que o momento proporciona a possibilidade de as companhias trabalharem seus custos de produção, que ficaram em segundo plano diante da necessidade de atender a demanda do mercado. “Nestes últimos anos trabalhamos a pleno, com excesso de horas extras e com problemas de logística. Este momento pode ser útil para o reposicionamento da produção.”

Pensamento idêntico tem Virgílio Cerutti, que acredita ser possível, com esta adequação, tornar as empresas mais competitivas em 2009. Também favorecerá a manutenção dos gargalos e programas para buscar sinergias em todas as áreas da empresa. O executivo recomendou a manutenção do otimismo por parte da cadeia automotiva, recordando que na América do Sul os indicadores continuam apresentando expansão: “As incertezas podem ser transformadas em oportunidades”.

Para Botelho é hora de tirar proveito da lição de casa feita nos últimos três anos, em que as principais ineficiências foram eliminadas: “O desafio é saber usar o que foi feito de forma acertada”.

O representante da Bosh acredita, inclusive, ser possível aumentar a base de volumes no próximo ano em razão da nova relação cambial, que pode determinar queda nas importações. Na opinião de Del Soldato a indústria pode sair fortalecida desta crise para atender o mercado que deve retomar o crescimento em 2010, inclusive nas exportações, mesmo com dólar na casa de R$ 2.

Da Agência Autodata