Resultados de Alemanha e França tiram zona do euro de recessão

Após um ano e meio, a zona do euro saiu do mais longo período de recessão da sua história, com um crescimento de 0,3% em relação aos três primeiros meses deste ano, impulsionado por Alemanha e França. A declaração foi feita ontem (14) pelo Eurostat, Gabinete de Estatística da União Europeia.

As duas maiores economias entre os países com moeda única, Alemanha e França, tiveram um crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) de, respectivamente, 0,7% e 0,5%. A grande surpresa ficou a cargo de Portugal, que, com o PIB aumentado em 1,1%, saiu da recessão em que se encontrava há dois anos e meio e teve o maior crescimento da zona do euro, considerando-se os dados divulgados, ainda não referentes a todos os membros do bloco.

No conjunto da União Europeia, o crescimento do PIB entre abril e junho também foi de 0,3%. No primeiro trimestre, o PIB tinha caído 0,3% na zona do euro e 0,1% na UE como um todo. Em relação ao mesmo período do ano passado, a contração foi de 0,7% e 0,1%, respectivamente.

Apesar do crescimento acima da expectativa na Alemanha, na França e em Portugal, as economias de outros países da zona do euro continuam se contraindo. Entre as nações cujos dados foram divulgados, pelo menos seis permaneciam em retração técnica, incluindo Itália e Espanha, a terceira e a quarta maiores economias do bloco, com recessões de 0,2% e 0,1%.

Também registraram recessão Bélgica (-0,2%), Suécia (-0,1%), Bulgária (-0,1%) e Chipre (-1,4%). O Eurostat ainda não dispõe de informação sobre a Grécia e a Irlanda, países que, como Portugal, receberam empréstimos financeiros.

O instituto de pesquisas econômicas Ifo, sediado em Munique, espera também para o semestre que se inicia boas perspectivas econômicas na Europa, mas, no geral, aponta para uma tendência negativa para a economia mundial. “A recuperação da economia global não está progredindo”, afirma o especialista Kai Carstensen.

Mesmo na Europa, foram feitos alertas contra uma comemoração precipitada sugerindo que a crise haveria acabado. O comissário europeu para Assuntos Econômicos, Ollie Rehn, por exemplo, afirmou que os dados “ligeiramente mais positivos” sobre o crescimento da zona do euro são “bem-vindos”, mas que não espera auto-elogios.

“Sim, estes dados ligeiramente mais positivos são bem-vindos – mas não há margem para qualquer complacência”, afirma o comissário europeu no seu blog. “Espero que não haja prematuras declarações de auto-elogios sugerindo que a ‘crise acabou’”, alertou Rehn.

Ele também se disse cauteloso, uma vez que ainda há “obstáculos substanciais para ultrapassar”, adiantando que “os números de crescimento ainda continuam fracos” e que os sinais preliminares são “frágeis”.

Rehn ressaltou que ainda há diferenças entre os Estados-membros da zona do euro e que países como Espanha e Grécia “ainda têm uma inaceitável taxa elevada de desemprego”, principalmente entre os jovens, o que cria a possibilidade de uma “geração perdida”. Para o comissário, existe “um longo caminho a percorrer”.

Da Rede Brasil Atual