Resumo

Reconhecimento das centrais

A tentativa de organização de centrais sindicais no Brasil não é movimento recente. A primeira, a Confederação Operária Brasileira (COB), é de 1906. Nos anos seguintes, o Estado conteve qualquer tipo de avanço. Nem Getúlio Vargas, nos anos 1940, facilitou o caminho. Em 1962, os sindicatos mais à esquerda organizaram o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT, em manifestação na foto ao lado no Rio de Janeiro) e a luta pela legalidade avançava. Em 1964, o golpe militar conseguiu acabar com a brincadeira, até o final dos anos 1970. Em 1983 é fundada a CUT, e a partir daí a história das centrais, inclusive da rivalidade entre diferentes tendências, começa a ser reescrita. As centrais sindicais passam a ser reconhecidas perante a sociedade nos embates trabalhistas, mas não, ainda, perante a lei. A Constituição de 1988 reabriu as brechas e agora essa batalha está prestes a se consolidar. A Câmara dos Deputados aprovou no último dia 17 projeto de lei que dá o reconhecimento legal às centrais.

Atualmente são cinco: CUT, Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e União Geral dos Trabalhadores (UGT). A Câmara, porém, jogou água no chope, ao modificar o projeto negociado há anos. Um grupo de deputados incluiu no texto limitações ao recolhimento do imposto sindical por parte de sindicatos de trabalhadores – sindicatos patronais não foram incomodados. Artur Henrique, presidente da CUT, contrário ao imposto, lembra que houve muita negociação para chegar a uma proposta de transição até sua extinção. “No debate com as outras centrais e o empresariado, que não defendiam o fim do imposto, conseguimos marcar um prazo para extingui-lo, com regras que atrelam a sobrevivência das entidades à sua representatividade real. Isso está presente no acordo que deu origem ao projeto de reconhecimento. Queremos o cumprimento do acordo”, diz. Acredita-se que o texto original acordado seja restabelecido durante a tramitação do projeto no Senado.

Ascensão feminina

Depois do Chile, agora foram os argentinos a levar à Presidência da República, pela primeira vez por meio de eleição direta, e com folga, uma mulher. Às vésperas de sua vitória, os principais jornais do país publicaram artigos alarmistas, atrelando o sucesso de Cristina Kirchner à popularidade do marido, ao voto decisivo dos mais pobres e ao bicho-papão esquerdista que assola a América do Sul. Nenhum artigo favorável. Nos próximos dias, urubus devem sobrevoar a Casa Rosada até descobrir se a primeira visita oficial da eleita, que toma posse em 10 de dezembro, será ao Brasil ou à Venezuela.

A bênção, São Cypriano

Qual seria a opinião do presidente do Bradesco, Márcio Cypriano (à direita, na foto), a respeito da possibilidade de o BB assumir o controle do Besc, de Santa Catarina? Era o que queria saber o ex-ministro da Educação de FHC e atual deputado Paulo Renato (PSDB-SP). Antes de publicar artigo de sua autoria sobre o tema numa coluna de opinião do jornal Folha de S.Paulo, o deputado mandou cópia para Cypriano, com o seguinte bilhete: “Em anexo, vai o artigo revisto. Procurei colocá-lo dentro dos limites do espaço da Folha. Por favor, veja se está correto e se você concorda, ou tem alguma observação. Muito obrigado”. O texto agradou ao banqueiro. Pena que o tucano esqueceu de deletar e o “artigo revisto” chegou ao jornal com o bilhete junto. A Folha noticiou a mancada em edição do dia 10 de outubro. A reportagem está bem escrita. E envergonhada, num pé de página, sem chamada de capa. Sem comentários. Demais jornais, revistas e grandes emissoras também não deram repercussão, restrita à internet.

“Regras diabólicas”

O juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues, de Sete Lagoas (MG), rejeitou pedidos de ações contra home