Resumo


Bioadversidades
Estudo do engenheiro de produção Paulo José Adissi, professor da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), constata que a pressão pela
produtividade dos cortadores de cana é assustadora. A média diária de
corte por trabalhador dobrou de seis para 12 toneladas em São Paulo. “A
cana está mais 20% leve. Então ele corta mais para atingir o mesmo
peso. Para conseguir atingir o patamar de produção atual, foi preciso
dobrar a quantidade de movimentos. E quem tem produtividade mais baixa
não é mais contratado”, diz o pesquisador, cuja entrevista está na
página da ONG Repórter Brasil – www.reporterbrasil.com.br. Para avaliar
as condições de trabalho na produção dos biocombustíveis, foi criado
por sugestão da CUT um grupo de trabalho específico para o tema dentro
do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

É melhor prevenir
O Brasil tem taxa anual de mortalidade no trabalho de 14,8 pessoas a
cada 100 mil trabalhadores, bem mais que em alguns países desenvolvidos
que estimulam a prevenção. Na Espanha, o índice é de 8,3; no Canadá,
7,2; na França, 4,4 por 100 mil. Os dados foram apresentados no Fórum
Econômico Mundial de Davos e têm sido repetidos para estimular empresas
a rever seus conceitos de segurança. A partir do ano que vem o
Ministério da Previdência deve mudar as contribuições recolhidas
conforme o grau de risco da atividade das empresas. Quem registrar
menos ocorrências, terá alíquota da seguridade social sobre a folha de
pagamentos reduzida. A idéia é cutucar as empresas a perceber que
melhorar as condições de trabalho faz bem para a produtividade.

Novos estudos sobre as eleições de 2006
O sociólogo e jornalista Venício A. de Lima, professor da Universidade
de Brasília, é o organizador de uma série de análises em torno do
comportamento dos meios de comunicação no ano passado. Os estudos
acabam de ser reunidos no livro A Mídia nas Eleições de 2006 (Editora
Fundação Perseu Abramo), que traz textos de 15 jornalistas,
intelectuais e pesquisadores como Paulo Henrique Amorim, Luís Nassif,
Marcos Coimbra, Renato Rovai, Sérgio Amadeu da Silveira e Bernardo
Kucinski – que aliás faz uma análise do jornalismo em situações de
desastre em artigo à página 26 desta edição.

Pé quente
Fabiana Murer atingiu os 4,60 metros no salto em altura e ficou com o
ouro. A pretendida marca – recorde pan-americano – havia sido informada
pela atleta à Revista do Brasil, durante sua participação no troféu de
atletismo em São Paulo, e publicada na seção “Retrato” da edição de
julho. As moças que fizeram o público lotar o Maracanã também sambaram
no topo do pódio. “Favoritas anônimas do Pan”, foi o título da
reportagem da edição de maio, abordando as chances da seleção feminina
de futebol vencer em casa. Apesar da situação de penúria das atletas e
do abandono da modalidade pelos clubes e cartolas, o futebol arte não
morreu.

Vigília e urubus
Quieto demais nas últimas semanas, especialmente as que se seguiram ao
acidente da TAM, Lula parece deixar o calor dos debates para a platéia.
Percebeu, pelo comportamento da mídia de sempre que chafurdou nos
escombros da tragédia, que o sonho golpista iniciado em 2005 não
acabou, e acautela-se excessivamente diante dos próximos lances do
xadrez político. Os grã-finos não dormem enquanto não confiarem que
Lula não faça seu sucessor em 2010. Em jogo, não está um mero resultado
eleitoral, mas a devolução do país à rota em que se tentou metê-lo na
década passada.

Movimento pensado
A escolha de Nelson
Jobim para o lugar do sério, íntegro e injustiçado Waldir Pires não foi
ponto sem nó. Mais que renovação no comando do setor aéreo, Lula viu no
peemedebista eclético uma f