Resumo

Resumo

Alunos no Prédio da Reitoria, em maio. “Se a ocupação não tivesse ocorrido, a discussão não teria chegado à sociedade com a mesma intensidade”, avalia Maria Aparecida de Aquino, do Departamento de História

Ousadia versus autoritarismo

A Secretaria de Ensino Superior criada pelo governador José Serra (PSDB) em seu primeiro dia de mandato é a cara de seu secretário, José Aristodemo Pinotti. Nos campi que entraram em ebulição neste maio, comenta-se que é o mesmo que foi reitor biônico da Unicamp, no início dos anos 80, indicado por Paulo Maluf: se é possível decretar, para que dialogar?

O decreto da secretaria e outros quatro que o governo inventou enterravam a autonomia das universidades paulistas, ao interferir em políticas de pesquisa, funções, administração de verbas e salarial. “Queremos, se não a revogação dos decretos, a negociação dos pontos mais importantes, que ferem a autonomia universitária”, diz João Zanetic, professor do Instituto de Física e vice-presidente da Associação dos Docentes da USP. No dia 31 de maio, o governo publicou no Diário Oficial novo texto, sob argumento de evitar o que chamou de “falhas de interpretação” dos decretos. Para não assumir nem que errou, nem que recuou.

Para Maria Aparecida de Aquino, do Departamento de História, a abusividade dos decretos anulava o Conselho de Reitores e as conquistas da grande greve de 1989, quando se alcançou a autonomia que vinha dando minimamente condições de gestão da vida universitária. A professora considera que as reivindicações envolvem a continuidade de um trabalho que faz da USP um centro de excelência. Ela observa que em 1969 entravam menos de 40 alunos em cada turma de sua unidade. Hoje, chegam a 130 de manhã e 150 à noite. “Não há como não ampliar o número de vagas, de professores e de moradias.”

O estudante de Jornalismo Rafael Freitas, 23 anos, que participou da ocupação, conta: “Teve semestre em que tive de ficar no corredor para tentar ouvir o professor”. Leandro Ferreira, 18 anos, acabou de ingressar no curso de Gestão de Políticas Públicas da USP Leste e não se sentia frustrado com a situação: “É bom que as pessoas se mexam para que os problemas não se perpetuem”.

Embora as reivindicações pareçam extensas, o que a comunidade acadêmica considera boa saída para a crise é simples: instalação de negociações com o governo, para assegurar a autonomia das universidades estaduais, e com os reitores, em busca das soluções específicas. Serra, que já tinha feito Pinotti secretário de Educação na prefeitura paulistana, só errou: com os decretos, a falta de discussão e a insensibilidade em lidar com a crise que ele mesmo provocou.

Alternativa
à Emenda 3

Em que pese a aparente desigualdade de condições, a reação das centrais sindicais equilibrou o jogo em torno da Emenda 3. Pesos pesados como Fiesp, OAB e grande mídia, Globo à frente, jogaram tudo para salvar a emenda – que dificulta a fiscalização de emprego fraudulento de mão-de-obra de pessoas jurídicas (PJs). Sindicatos e movimentos sociais contra-atacaram com seus instrumentos de comunicação e manifestações de protesto. A entrevista do deputado Milton Monti (PMDB-SP) ao site Repórter Brasil (www.reporterbrasil.org.br) é sinal disso. Monti, relator de um texto alternativo à Emenda 3, informa que solicitou a retirada da urgência na discussão do tema e que a sociedade seja ouvida na elaboração do substitutivo. A conclusão da redação deve sair antes do recesso de julho (sim, ele ainda existe).

Novidades no ar

Treze rádios comunitárias da região metropolitana de Campinas e Hortolândia (SP) passaram a transmitir o Jornal dos